Resenhas

Hooray for Earth – Racy

Esperado e grandioso projeto de Noel Heroux consegue capturar a essência de momentos anteriores e se tornar ainda mais atual

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Ano: 2014
Selo: Dovecode
# Faixas: 9
Estilos: Rock Alternativo, Post-Rock
Duração: 37:00
Nota: 3.0
Produção: Noel Heroux, Chris Coady

Os limites de gravação e produção musical mudaram muito na virada do século. Se antes a necessidade de um estúdio – equipamentos caros analógicos e digitais, sem computadores mas processados digitalmente – em um formato que concentrava todo o poder nos donos destes aparelhos era uma das poucas formas de se lançar e gravar algo seu, tudo mudou.

Hooray for Earth nasceu da cabeça de Noel Heroux que inicialmente fazia e produzia suas músicas a partir de um estúdio caseiro e algumas ideias. Se em 2009 parecia um sonho viver de suas criações, foi somente em 2011 com True Loves que tudo começou a ganhar forma. Uma banda passou fazer parte do projeto que misturava o Pop na voz do cantor com Rock Alternativo e elementos Eletrônicos, o chamado Synth Rock. Racy tenta logo de cara ser o disco mais ambicioso e grandioso de sua carreira, conseguindo em alguns momentos alcançar o seu objetivo.

Aliás, progressivo e grande são dois adjetivos para o disco: guitarras crescentes e uma voz melódica são temais centrais da faixa-título, enquanto Say Enough o faz da mesma forma através de sintetizadores, confundindo o som em diversos momentos com Post-Rock de grupos como Alcest, mas sem nunca esquecer o Pop da voz. Desta forma, o experimentalismo nos riffs Air ou Pass, ambos construídos sob uma atmosfera pesada e obscura, acabam contrastando com acessibilidade que Noel permite. O auxílio do produtor Chris Cody (Yeah Yeah Yeahs e TV on the Radio) chama atenção logo de cara: uma produção mais limpa e objetiva acaba levando as faixas diversas vezes para uma sujeira instrumental muito bem-vinda, além do formato de Rock de arena que acaba afetando o projeto intencionalmente.

No entanto, se tudo poderia ser banal e a simples elevação de volume e construção de atmosferas grandiosas poderiam levar o grupo para um beco sem saída, é em ótimos momentos experimentais que seu valor aparece, como a balada Last, First – com aberturas para que cada membro da banda possa solar um pouco -, o single Keys ou na “shoegazer”, Happening, espécie de Slowdive para as novas gerações. O resultado final agrada na maioria do tempo e a boa produção chama atenção, conseguindo criar um Rock com elementos modernos (sintetizadores, ruídos e amplitude sonora) e acessível, mas que ainda precisa de mais estrada para que chegue no nivel desejado por Noel. A falta de elementos orgânicos, algo que possa unir instrumentos, voz e que os faça parecer uma banda – não simplesmente um cara com alguns músicos por trás – virá só com o tempo e muitos shows. Por enquanto, tudo parece caminhar para a grandiosidade esperada.

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BOM PARA QUEM OUVE: Alcest, Inky, Twin Shadow

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.