Incorporar as suas influências, transformando-as em sua verdadeira essência é o sonho de qualquer banda. Seja ele súbito, momentâneo ou tardio, inevitavelmente esse equilíbrio deve ser encontrado para que as coisas funcionem bem. Duelectrum existe desde 1999 e funcionou como uma dupla até 2012 com Felipe Albuquerque e Franklin Weise, período em que lançou três EPs. Agora, podemos dizer que a banda tem uma unidade, com o acréscimo do guitarrista Lucas Lippaus e do baterista Elson Barbosa, ambos do grupo Herod, o que trouxe o alívio sonoro necessário para que as suas estruturas se consolidassem em She Doesn’t Feel the Sun, seu curto – porém interesante – novo EP.
Ao longo de quatro faixas- duas inéditas, um cover e uma releitura -, somos introduzidos a um Rock Alternativo com os pés e olhares no chão do Shoegaze, mas com influências de Post Punk bastante eficiente. Melodia e distorção são colocadas lado a lado em cada canção, seja no paredão elétrico de guitarras da faixa título ou na eternidade proposta em Trembling Blue Stars, ambos caminham de forma conjunta e é isso que chama atenção neste trabalho.
Podemos entrar na discussão de que isso se parece com x,y ou z mas seria resumir o que som tenta de passar ao longo de suas frequências: a realização de que ele é realmente acessível e bom, como Jesus and Mary Chain foi no meio de sua aura soturna ou como My Bloody Valentine ousou ser entre tantos ruídos. No entanto, Duelectrum é paulistano e está numa cena cada vez mais evidente: a da retomada do Rock Independente por outros meios, mais alternativos, distorcidos e interessantes como podemos ver em Single Parents, Loomer ou Catavento, cada um de um canto do nosso Brasil.
Logo, se antes tínhamos o complexo de vira-latas típico do nosso país – “nunca somos bons o suficiente”-, agora escutamos bandas daqui fazendo um som típico gringo da melhor qualidade. Compare as versões de She Doesn’t Feel The Sun, alternativa e normal, para entender a melodia que vem por trás da distorção. Ouça Eisbar, ótimo cover da banda suiça Grauzone, cantado no alemão nativo de seu baixista para entender que todos os vídeos aos quais você assistia na MTV – sonhando em ver Sonic Youth ou Dinosaur Jr – e veja que poderá ver isso sendo feito ao vivo facilmente. Ao fim, este novo EP pode não parecer muito original, mas é sim honesto e tem uma qualidade ímpar para qualquer banda: Essência sonora. Não deixe de baixar o disco de forma gratuita na página do selo.
