Quando me deparei com o novo álbum do trio britânico Esben And The Witch, intitulado A New Nature, confesso: imaginei que não seria tarefa fácil encará-lo. Afinal, faixas de dez ou catorze minutos – apenas oito músicas que somam quase uma hora de duração – que transitam entre a barulheira Noise e o peso Gótico não são para qualquer um.
Felizmente, logo de cara vi que estava errado e, já nas primeiras notas de guitarra dedilhada, numa sintonia muito elegante com o contrabaixo, A New Nature me mostrou ter guardado algo de extraordinário. A capa do trabalho sintetiza seu bom gosto: uma figura sombria parada diante de uma paisagem, ao mesmo tempo ensolarada e cheia de névoa – como se numa versão contemporânea e menos caricata do que Black Sabbath em sua estreia homônima -, mostram que para ser sombrio não é necessário estar o tempo todo saturado de barulho e peso.
É claro que Steve Albini, o produtor, deve ter grande parcela neste mérito. Acostumado a trabalhar (e a dar seu peso particular) com bandas de Post-Punk etéreo como Mogwai, o mesmo não deve se intimidar facilmente com faixas longas. O melhor exemplo neste trabalho é The Jungle, na qual após sete minutos de peso (e muitas frequências graves), partimos para uma parte instrumental bastante atmosférica e contrastante (ainda mais se levarmos em conta o ingrediente exótico do trompete que entra aqui de surpresa).
Esben And The Witch soa muito amadurecido em relação aos outros trabalhos e, de fato, se pensarmos em toda sua trajetória, que começa em 2008 e passa por contratos e rupturas com o selo Matador Records e agora por um produtor renomado, parece natural que seja assim.
