Resenhas

Cassie Ramone – The Time Has Come

Projeto totalmente solo de ex-Vivian Girls se mostra como um compilado de esboços

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Ano: 2014
Selo: Loglady Records
# Faixas: 8
Estilos: Indie Acústico, Indie Folk, Singer-Songwriter
Duração: 23:32
Nota: 2.0
Produção: Cassie Ramone
Itunes: https://itunes.apple.com/br/album/the-time-has-come/id898443280?uo=4

Depois que o trio de garotas que formava Vivian Girls se desintegrou no começo deste ano, o talento que essas garotas tinham estava livre para seguir um caminho solo sem interferências da banda principal. A baixista Katy Goodman já se aventurava em seu La Sera, a baterista Frankie Rose transitou em ambientes mais Dream Pop e psicodélicos em seu projeto solo (que rendeu o interessante Interstellar, de 2012) e, finalmente, Cassie Ramone, que já havia se juntado ao baixista da banda Woods no conjunto The Babies e lançado um fraco disco, mostrou ao mundo como ela, e apenas ela, soaria em um disco totalmente solo. Infelizmente, nada mudou.

The Time Has Come tem duas peculiaridades que valem ser ditas. O produtor e músico Ariel Pink participou do disco tocando baixo em algumas faixas, mas nada que chame a atenção do ouvinte para identificar esta colaboração no álbum de Cassie Ramone. Além disso, ele foi produzido no apartamento da ex-Vivian Girl, dando assim um ar mais caseiro e Lo-fi. Nessa última palavra, poderíamos ter começado um debate extenso sobre como este “gênero” pode disfarçar uma preguiça pela produção de um registro, mas o que se vê aqui não é nenhum problema neste campo e sim, na própria estrutura de composição.

É claro que há de se entender que o estilo de composição de cada artista representa, única e exclusivamente a sua cabeça e não há pessoa melhor do que ele/ela próprio/a para identificar isto. O que fica em questão aqui é que não existe um momento que faça nossa curiosidade ser despertada ao ponto de querer conhecer o mundo particular de Cassie. Estruturas bem simples e repetitivas imperam no decorrer de oito músicas que, em alguns momentos, chamam um pouco a atenção pela exploração de timbres de guitarra, como em Joe’s Song, I Send My Love To You e Sensitive Soul, mas que não chegam a ser nada revolucionário ou inovador.

Enquanto Vivian Girls frequentava uma esfera mais próxima de sonoridades praianas como Best Coast, Cassie Ramone prefere se enfurnar em casa e compor canções monótonas com um tom bem depressivo como em Sensitive Soul, I Don’t Really Wanna e, a mais melancólica e raivosa de todas I’m A Freak na qual ela diz logo de cara “I’m a loser, I’m a fucking loser…”. Essas letras também são um tanto quanto inconclusivas: você não sabe o que irrita Cassie, e isso te deixa menos motivado a ouvir a sua lamúria por mais de vinte minutos.

O disco, portanto, parece uma demo para algo que ainda será lançado. Uma espécie de registro de esboços. Assim, temos a impressão de que se ele fosse um pouco melhor estudado e houvesse uma produção voltada para atender os interesses individuais de Cassie, quem sabe não teríamos chegado a um resultado mais coeso. O tempo da ex-Vivian Girls ainda não chegou, mas quem sabe em um próximo disco.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique