O jovem americano de apenas 18 anos Raury parece saber o potencial que tem em mãos ao apresentar sua primeira mixtape. Embora o termo venha de uma linhagem direta do início do Hip Hop, indicando uma espécie de álbum despretensioso, independente e gratuito, parece que “despretensão” não é exatamente o que temos por aqui. Recheado de momentos egóicos de autoafirmação explícita (o que, no final das contas, não é tão incomum no universo do Rap) Indigo Child começa com um grito de guerra (War pt.1) que serve bem de introdução a esse trabalho, cantando “we are together, we are the truth, we are forever, we are the youth”.
Embora Raury se arrisque nas rimas do Rap vez ou outra e tenha chamado seu primeiro trabalho de “mixtape” (termo, conforme já dito, herdado da tradição do Hip Hop), é um engano achar que seu universo se limita a isso. Transitando com segurança entre o Folk (como em God’s Whisper, aquele que parece ser o hino eixo de seu trabalho) e as baladas românticas (Cigarette Song), Raury mostra que é um músico compositor muito versátil, talentoso e seguro com o próprio trabalho, como se figurasse como uma espécie de prodígio vindo da linhagem de Andre 3000 ou Frank Ocean.
Com faixas que variam entre a certeza de pertencer a uma juventude especial (as tais crianças índigo do título), excertos de conversas que parecem ser conflitos com sua mãe (What Goes up, Rest, Dreaducation e Sweet N Sour), ou mesmo sobre os dilemas do amor na adolescência, Indigo Child, faz Raury voltar a atenção para si com tamanho potencial.
Embora Indigo Child de fato não seja coeso o suficiente para se apresentar como álbum, não pense que o trabalho aposta baixo no poder que possui. As faixas são super produzidas e grandiosas, assim como seus clipes. Até um mini documentário foi feito para preparar a recepção do jovem Raury para o mundo (e parece que funcionou). Pode anotar esse nome.