Resenhas

Young Lights – Cities

Mineiro criado nos EUA entrega disco Folk Lo-fi que vai contra as primeiras impressões

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Ano: 2014
# Faixas: 10
Estilos: Folk, Lo-Fi, Folk Rock
Duração: 34:30
Nota: 3.5
Produção: Vitor Brauer

Cities é um disco de falsas promessas, isso porque, todas as vezes que o som me foi apresentado, ele não veio com as palavras certas. Daí, quando fui ouvir o disco e as primeiras faixas começaram, entendi o que viria pela frente – mas, não, fomos surpreendidos novamente. Ao final da audição, me senti trapaceado daquele jeito que – olha só – apenas as boas obras conseguem te deixar. Começamos bem.

Na verdade, terminamos melhor ainda, já que a última faixa é a melhor do disco. Antes dela, somos convidados a apreciar três faixas baseadas no violão e no vocal (e toda e qualquer expressão com a voz de Chris Martin (Coldplay) não será coincidência) para depois, na quarta faixa (com título Honestly, muito apropriado para esse contexto), mostrar suas verdadeiras caras, com banda completa.

É aí que a musicalidade mais Folk Rock fica em sua melhor forma, revelando uma influência carregada da música norte-americana que, se nós aqui temos muito contato, o mineiro Jairo Pas (ou Jay) viveu muito mais por ter morado nos EUA boa parte da vida.

Suas letras são sempre em primeira pessoa, falando principalmente sobre pequenos conflitos e desejos. Não é aquele dramalhão de cantor Folk que fica chorando os dramas da existência com seu violão, é uma pegada mais “prática”, mas sempre bacana. E pior que ela vem com uma aura bem Lo-fi que acaba conferindo, ironicamente, mais verdade pra sua música, como se o som cru argumentasse a favor de seus problemas. Pura enganação.

A faixa-título é um interlúdio, uma vinheta, e marca a chegada do lado B do disco, com mais faixas interessantes e mais lembranças de Coldplay (não é exagero, ouça Other Kids e comprove) para desembarcar na derradeira incrível Loner que, como eu disse antes, se mostra como a melhor do disco, com uma pegada emocional (aí sim) com gritos roucos e etílicos de fazer Damien Rice aplaudir.

Com um fim desses (vale dizer que a música tem mais de sete minutos), não tem como você ficar insatisfeito, por mais enganado que se sinta. A real é que Cities mostra um caminho muito certeiro que Young Lights tomou ao ser mais coloquial ao tratar sua música sem o verniz que poderia fazer suas composições se perderem em um mar de semelhantes. Vale ouvir.

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BOM PARA QUEM OUVE: Foxygen, Majical Cloudz, Woods
ARTISTA: Young Lights
MARCADORES: Folk, Folk Rock, Lo-Fi

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.