St. Tropez é uma surpresa que chega aos poucos. Não que você tenha que “aprender a gostar” da banda, mas ela é como aquela pessoa da sua sala que nunca fala muito, mas com quem um dia você decide puxar papo e a amizade começa. Seu primeiro álbum, gravado todo em casa, na Califórnia, traz um som contemporâneo com uma simplicidade interessante e uma timidez que cativa na hora certa o mais inquieto dos ouvintes.
Os sons de St. Tropez são espaçados, com pausas para respiração da voz, dos timbres e dos ouvidos. O som tem um quê eletrônico sempre presente e pode te lembrar muita coisa ao mesmo tempo, não necessariamente californianas. Na verdade, é uma musicalidade muito bem inserida onde estamos na linha do tempo, essa pegada “pós-Radiohead de banda que não precisa dar muita satisfação do que faz, mesmo as mais tímidas (como o caso desta).
St. Tropez – In Pictures
O single In Pictures abre o disco quase que como uma reinvenção de um Twee melancólico, psicodélico e digno dos anos 2010 e, se demora pra engatar, revela em seu último ato muito do potencial da banda. As guitarras das faixas seguintes ajudam a construir uma ambientação sempre interessante de vento batendo no rosto. Música feita pra viajar, em qualquer sentido.
É difícil destacar alguns momentos do disco, principalmente por uma certa semelhança que as faixas carregam. O que fica da audição é mais a experiência, a sensação que suas músicas deixam. Se é pra citar algum, fica Let go, que é o momento em que a banda mais sai da casinha e mostra suas facetas mais agitadas, ou mesmo Seasick, que parece algo que Thom Yorke faria inspirado em Chicago de Sufjan Stevens (o “I felt alive again” daqui lembra demais o “I fell in love again” do hit) – o que, convenhamos, é uma comparação de peso.
Se St. Tropez, o disco, não possui carisma suficiente para te convencer a aceitá-lo como amigo, ao menos desperta a simpatia por St. Tropez, a banda, principalmente por seu inegável potencial demonstrado ao longo das dez faixas.
St. Tropez – Let Go
