Resenhas

Medicine – Home Everywhere

Trio cria sucessor ainda mais ambicioso para disco que marcou sua volta de 18 anos em hiato

Loading

Ano: 2014
Selo: Captured Tracks
# Faixas: 9
Estilos: Dreampop, Shoegaze, Noise Pop, Psicodelia
Duração: 41:39
Nota: 3.5
Produção: Brad Laner

O vocalista e guitarrista Brad Laner não mentiu quando disse que a volta de Medicine seria de forma prolífica. Pouco mais de um ano após o lançamento de To The Happy Few, primeiro álbum do grupo em mais de 18 anos, o trio está de volta com novidades que formam o curioso Home Everywhere.

Sim, esse é um disco curioso (e bom). Ele, de certa forma, abrange o que o grupo já havia feito em seu antecessor e leva essa musicalidade para direções que não diria inesperadas, mas surpreendentes. Seu hibridismo (que já envolvia estilos como Shoegaze, Drem Pop e Noise Pop) ganha mais um poderoso aliado, a Psicodelia. Se em To The Happy Few ela aparecia de forma mais modesta, ela ganha aqui destaque e engrandece o som do trio (e faixas como They Will Not Die e Don’t Be Slow mostram isso).

Se bandas contemporâneas vem olhando muito para o passado em suas criações – DIIV, Wild Nothing, Tame Impala e Pond, por exemplo -, o trio só tem olhos para o futuro. Mais do que um resgate ao que já fez e mesmo ao que ajudou a criar (pensando que o grupo foi a resposta norte-americana ao Shoegaze feito na Terra da Rainha e que levou o estilo bretão a lugares bem distintos do que apresentava em sua gênese), o grupo busca em seu novo disco, enraizado nessa mistura primordial (entre Shoegaze, Drem Pop e Noise Pop), se expandir ainda mais e levar os estilos com que brinca alguns passos adiante.

Claro que nada disso seria possível sem músicas boas e vimos em Home Everywhere várias delas. Faixas como Turning e Move Along – Down the Road trazem em suas composições todos elementos citados, porém agrupados sob uma orientação bem acessível, quase Pop, eu diria. Por mais que todos esses nomes de estilos possam assustar quem os lê, ao ouvir o disco, a impressão que fica é a de uma música concisa e agradável, que experimenta com timbres barulhentos de guitarra, porém criando ótimas melodias e letras inspiradas para acompanhá-las.

Mais do que o experimentalismo, o que torna este disco interessante é conseguir aliá-lo a uma audição agradável e por criar músicas boas, ainda que a variedade tão grande de abordagens aos estilos possa causar certo espanto logo de início (sintoma sentido também em seu antecessor). Longe de ser um problema, essa grande variedade dentro do álbum mostra ao ouvinte momentos interessantes, como a pegajosa Cold Life, a baladinha It’s All About You e até mesmo a ambiciosa faixa-título com seus mais de onze minutos.

Se To The Happy Few foi uma atualização da banda com o que estava acontecendo depois de quase 20 anos sem lançar material inédito, Home Everywhere é uma continuação assertiva, uma nova abordagem à sonoridade do grupo.

Loading

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts