Resenhas

Deerhoof – La Isla Bonita

Caótico e com espírito jovem, novo trabalho mantém o ótimo estilo do grupo

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Ano: 2014
Selo: Polyvinyl Records
# Faixas: 10
Estilos: Punk, Noise, Experimental
Duração: 31:50
Nota: 3.5
Produção: Deerhoof

Um ouvido desavisado, ao se deparar com La Isla Bonita, o novo álbum de Deerhoof, poderia pensar que se trata de algum grupo novato que, ainda no caminho incerto da expressão artística, está disposto a arriscar, experimentar até encontrar seu estilo próprio e, talvez acima de tudo isso, liberar energia. A faixa de abertura Paradise Girls é o exemplo ideal: uma estrutura caótica e barulhenta canta uma letra feminista de modo despretensioso, como se sua reivindicação fosse óbvia e estivesse abaixo do poder de diversão que a música tem.

Mas o que temos aqui é algo muito diferente: trata-se um grupo de Punk experimental, já com vinte anos de idade, que vem utilizando uma mistura coesa de Noise, Música Eletrônica e Pop há doze álbuns (este resenhado aqui é o décimo terceiro). De fato, parece justo afirmar que Deerhoof encontrou seu estilo no início da década de noventa, no auge da vitalidade de sua juventude, e vem se utilizando da mesma fórmula desde então. Mesmo os momentos em que o grupo assumidamente experimenta um ou outro procedimento diferente, ou nos álbuns de sua longa discografia que se destacam (como Reivelle ou The Runners Four) o estilo parece ser o mesmo, a saber, guitarras distorcidas, baixo sincopado e bastante alternância de células rítmicas da bateria que instauram um clima caótico.

Não que isso seja ruim, muito pelo contrário, manter a mesma vitalidade por toda sua carreira prova que o espírito inicial permanece vivo e que os integrantes ainda estão dispostos a experimentar. O próprio nome do álbum, que parece caçoar da atmosfera Synth Lambada do fenômeno Pop Madonna é uma prova disso. Mas, embora Paradise Girls e Exit Only (inspirada na fase Pinhead de Ramones) sejam bastante agressivas, existem momentos mais melódicos aqui, como a ótima Mirror Monster, além é claro, de outros exemplos mais no meio do caminho entre os dois extremos. Mais do mesmo, ainda bem.

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BOM PARA QUEM OUVE: Psapp, Xenia Rubinos, Dirty Projectors
ARTISTA: Deerhoof

Autor:

é músico e escreve sobre arte