Resenhas

Oh Land – Earth Sick

Novo trabalho transita entre a experimentação e o óbvio

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Ano: 2014
Selo: Tusk or Tooth
# Faixas: 13
Estilos: Dream Pop, Pop Eletrônico, New Wave
Duração: 51:11
Nota: 2.5
Produção: Nanna Øland Fabricius

A dinamarquesa Nanna Øland Fabricius parece ter um carreira embasada em sua ancestralidade. Por mais que pareça forçoso fazer qualquer comparação à sua “árvore genealógica” e a “natureza de seu trabalho” (com o perdão do trocadilho) parece que é justamente essa a constitução da musicista. Por um lado, mais imediato, filha de um organista e de uma cantora de ópera, enquanto de outro, um pouco mais distante, descendente do etnógrafo Otto Fabricius, Øland – que opta por se apresentar sob o condinome-trocadilho Oh Land -, foca na relação homem-natureza para intitular seus trabalhos: temos o debute Fauna, de 2008, o auto-intitulado Oh Land de 2011, Wishbone de 2013 e agora, finalmente, o lançamento de Earth Sick.

Mas, embora a insistência em sua herança pareça oportuna, a estratégia de difusão de seu trabalho não pode parar por aí, afinal sua música opta por um caminho inverso ao da erudição e seus temas passam longe de qualquer ativismo ambiental. Pois bem, desde que apareceu com Fauna, Oh Land habita um universo que transita entra nuances da Música Eletrônica: das atmosferas nubladas do Dream Pop à la Grimes (que condiz como uma luva com os ares de sua terra natal, a propósito) até uma abordagem mais óbvia e radiofônica próxima de Sky Ferreira. Sem, todavia, a personalidade rebelde desta última: basta a comparação entre as semelhanças, e, principalmente, entre as diferenças das capas de Night Time, My Time e Earth Sick que teremos a materialiação de seus respectivos conteúdos.

Parece que existe algo incoeso em Earth Sick, difícil de precisar. Letras genéricas, arranjos que pecam pelo excesso de elementos eletrônicos desnecessários ou ainda refrões pegajosos são artifícios óbvios que podemos elencar como responsáveis por alguma falta de substância no álbum. Mas, talvez, a constituição imprecisa seja algo mais fácil de compreender se considerarmos o apelo de Oh Land à elementos paralelos que não a própria música: a falta de personalidade ou de um mínimo de trangressão artística são sintomas mais claros de sua inconsistência, apesar de um grande potencial.

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BOM PARA QUEM OUVE: Sky Ferreira, Ellie Goulding, Grimes
ARTISTA: Oh Land

Autor:

é músico e escreve sobre arte