Resenhas

Andy Stott – Faith in Strangers

Quarto disco do produtor inglês segue tradição de encontros musicais de bases eletrônicas

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Ano: 2014
Selo: Modern Love
# Faixas: 9
Estilos: Dubstep, Minimal Techno, House
Duração: 53:51
Nota: 3.5
Produção: Andy Stott
SoundCloud: /tracks/172103405

Andy Stott é um nome proeminente dentro da cena Eletrônica, mas desconhecido do público que não segue os lançamentos do gênero. O produtor de Manchester iniciou sua carreira na metade dos anos 2000, criando algo que girava em torno da House, Minimal Techno e Dub, mas foi só a partir de 2011, com o EP Stay Togheter, e depois com o álbum Luxury Problems, de 2012, que o músico começou a se enveredar pelo Ambient e atrair mais gente para sua musicalidade densa, atmosférica, hipnótica e imersiva.

Faith in Strangers não traz grandes novidades para quem ouviu os álbuns anteriores do músico – o que não se torna um problema, vista a grande gama de possibilidades que essa mistura oferece ao produtor. São nove faixas, em média com seis minutos cada, nas quais Andy explora caminhos diferentes dentro dessas fusões estilísticas. E, se algo faz esse disco se sobressair em relação aos outros é seu clima mais obscuro (como visto em How It Was), lento e nebuloso (Time Away).

Certamente, este não é um álbum fácil e que possa ser ouvido de qualquer forma, principalmente para quem não tem paciência ou não se interessa por música hipnótica. Sua qualidade imersiva exige do ouvinte certa dedicação, um tempo livre para mergulhar nos timbres fortes e nas melodias repetitivas (quase se tornando mantras), assim como em algumas sutilezas das construções que permeiam a obra. Damage é um bom exemplo disso. Em pouco mais de quatro minutos, a faixa guia o ouvinte por baixos potentes, percussões labirínticas e texturas ruidosas, criando a trilha sonora para uma viagem interior, em que cabe ao ouvinte criar sua significância.

Mesmo brincando com estilos como Jungle, Dubstep e Trip-Hop (gêneros caracterizados entre outras coisas pelo uso de baixos estrondosos), a intenção do produtor não parece ser botar ninguém para dançar, mesmo em faixas em que o break beat se mostra mais acelerado (Faith in Strangers). Essas faixas mais “apressadas” são poucas no álbum (Science And Industry e No Surrender), mas servem para mostrar a grande versatilidade do produtor em criar ambientações bem diferentes sem perder o foco ou a coesão dentro da construção de um álbum.

Outro ponto a se ressaltar na obra é a colaboração da cantora de Ópera Alison Skidmore, em faixas como Violence. A aura vagarosa e pesada dessa música, parece alongar um drop de Dubstep, baixando seu pitch, enchendo-a de reverberações e adicionando batidas ruidosas que parecem terem saído de alguma faixa de Industrial. Tudo isso é complementado pela bela voz e doce voz de Alison, que parece murmurar alguns palavras, que algumas vezes estão além da compressão. On Oath e a faixa-título também ganham o acompanhamento o ótimo vocal de Skidmore.

Assim como Luxury Problems, este é um disco que pode ser descrito como sensorial. Ainda que menos intimista que seu antecessor, esse um disco que guia o ouvinte que decide se deixar levar pela experiência por uma viagem sinestésica bem abrangente, que passa por momentos sublimes e por outros aterradores, uma viagem subconsciente sem rumo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Arca, Burial, James Blake
ARTISTA: Andy Stott

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts