Resenhas

King Gizzard & The Lizard Wizard – I’m In Your Mind Fuzz

Disco do septeto australiano é potente e extremamente bem produzido

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Ano: 2014
Selo: Castle Face/Heavenly Recordings
# Faixas: 10
Estilos: Rock Psicodélico, Surf Music
Duração: 41:58
Nota: 4.0
Produção: Stu Mackenzie
SoundCloud: /tracks/171017576
Itunes: https://itunes.apple.com/us/album/im-in-your-mind-fuzz/id929774375?uo=4

Da Austrália vem mais um representante deste movimento psicodélico moderno. Conhecido bastante por trazer à tona Tame Impala e, posteriormente, Pond e Mink Mussel Creek, o país propôs ao mundo uma releitura dos anos 1970, incorporando uma nova linguagem feita com os mesmo elementos usados na respectiva década. Entretanto, vemos que apenas uma parcela da psicodelia tinha sido explorada e, portanto, havia muito a se redescobrir e reinventar. É aí que entra King Gizzard & The Lizard Wizard e seus novos campos lisérgicos.

A banda nos chamou bastante a atenção por propor um resgate de uma aura diferente da psicodelia, evocando referências interessantes de bandas como Jethro Tull, Mountain e Gandalf. Utilizando instrumentos mais folk como flauta transversal, mas sem se despreender do molde Rock/Blues com gaitas e guitarras sujas, I’m In Your Mind Fuzz é um disco que leva a lisergia a um campo que, certamente irá trazer novos entuasiastas do psicodélico, assim como agregar admiradores fiéis deste cenário.

Hipnose é um sentimento que acompanha o álbum do começo ao fim. Com um baixo potente e forte, I’m In Your Mind abre o disco usando da repetição das mesmas notas como se fosse um pêndulo para que nós tenhamos a profundidade mental para adentrar no mundo mágico de I’m In Your Mind Fuzz. E não ouse associar “hipnose” com um movimento lento e pacífico. Aqui, as músicas são rápidas e cruas quase como um Punk Psicodélico, não permitindo em nenhum momento que você consiga se concentrar em um ponto específico, tendo que observar mais o conjunto dos instrumentos do que cada um separadamente.

Outro fator que faz com que o disco seja praticamente uma obra produzida nos anos 70 é sua mixagem. Os instrumentos são captados de tal forma que, embora seja bem suja, contribui para uma ambientação setentista e extremamente reverberada. Am I In Heaven? mostra bem isso, seja com os gritos distorcidos do vocalista ou a constante mudança de ambientes, indo de um Punk violento até um Folk subconsciente com mudança de tom auxiliadas por um gravador de fitas.

King Gizzard & The Lizard Wizard produz uma obra importante para o cenário Australiano, mas, além disso, é uma prova viva de como referências não devem ditar seu estilo de composição, podendo ser misturadas com elementos modernos.

É como um sonho. Você não sabe como começou, mas quando vê, já está completamente imerso em outra realidade.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique