J. Cole não se nivela por baixo. Seus trabalhos passados mostravam uma influência clara no rap urbano das megalópoles, tendo como principal mentor Jay-Z. Tendo dois discos e algumas mixtapes bem rudimentares em sua discografia, o rapper usa como principal insipiração para sua rimas ácidas, sua própria vida e suas impressões sobre os fatos cotidianos. Até aí, nenhuma grande novidade que o distingua do restante dos artistas do gênero, porém o que dá a J. Cole uma aura de destaque é sua base instrumental e a escolha precisa de samples que, embora sejam bem simples, não deixam de conferir uma evolução bastante marcante para o rapper.
2014 Forest Hills é, sem dúvidas, um trabalho mais maduro, principalmente no que tange a harmonia entre a temática e a instrumentação, usando elementos modernos (batida) e antigos (samples de citações de décadas passadas e instrumentos com efeitos análogicos). Entretanto, fica muito evidente que J. Cole ainda estuda o Hip-Hop para poder se definir como um artista no meio. As letras, ainda que interessante, ainda pecam por uma falta de interpretação e sinceridade. Não que sejam falsas, mas J. Cole se utiliza tanto do sarcasmo e ironia que, quando resolve falar com mais seriedade, como na faixa Apparently, isso nos soa estranho.
Entretanto, o destaque do disco vai para a persistência do estudante J. Cole. O registro mostra bons momentos como a divertida Wet Dreamz e seu anti-romantismo romântico, a pesada Fire Squad, G.O.M.D e No Role Modelz com melhores samples do disco e, por fim, as influências Gospel e Soul de Note To Self. É interessante ver ao vivo como o processo de definição da identidade musical ocorre, mesmo que demore alguns registros para se consolidar.
J. Cole nos apresenta um disco com falhas, mas que são honestas e necessárias para a firmação do artista. Um registro com os melhores momentos do rapper e uma promessa de que seus lançamentos futuros são algo para ficarmos de olho.
Um pequeno passo para o Hip-Hop, mas um grande passo para J. Cole.
