Resenhas

Belle & Sebastian – Girls In Peacetime Want to Dance

Murdoch dá mais um passo dentro da mesma trajetória sólida (e doce) do grupo

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Ano: 2015
Selo: Matador Records
# Faixas: 12
Estilos: Indie Pop, Twee, Eurodance
Duração: 61:16
Nota: 4.0
Produção: Ben H. Allen III

Não é difícil de considerar a produção inédita de grupos antigos como um dos grandes tabus do mundo musical. De fato, nos lançamentos de bandas que já somam mais de uma década de estrada, a expectativa muito grande do público está somada à inevitável comparação com seus trabalhos anteriores. Por isso Belle & Sebastian, com seu Girls In Peacetime Want to Dance – o nono de sua discografia, próxima de atingir os vinte anos de idade -, não poderia nos dar um presente mais característico: ele é exatamente o que esperávamos. E, sim, isso é ótimo.

Ok, talvez não seja “exatamente” o que esperávamos por uma razão simples: o flerte imprevisto com o Europop. Mas a roupagem à la Pet Shop Boys de algumas faixas, cheia de deliciosos timbres cafonas, está longe de subverter a alma de Stuart Murdoch em direção a rumos inesperados. Como prova, basta uma olhada no tema do maior hit Disco do álbum: a poetisa Sylvia Plath (na faixa Enter Sylvia Plath). De fato, uma conjunção quase paradoxal de teores opostos que são praticamente a marca registrada do grupo (como previmos em um artigo).

Outro fator que quase nos leva a crer que a banda resolveu testar novos rumos fica por conta do teor político de seu título. Mas, do mesmo modo, logo de cara podemos atestar mais do mesmo Murdoch. Aqui, a guerra configura uma metáfora macrocósmica de conflitos interiores. Um estado de espírito, exemplificado na letra da faixa Allie (“When there’s bombs in the Middle East, you want to hurt yourself. When there’s knives on the city streets you want to end yourself”). Ou seja, como o melhor de Belle & Sebastian até então, ainda temos um universo que romantiza os conflitos adolescentes que são vividos mais dentro das próprias emoções e dentro do próprio quarto do que no “mundo real”.

A impressão que temos é que Stuart Murdoch vem trabalhando detalhes minuciosos de sua escrita, uma fórmula bem sucedida já há tempos, e, assim, vem aprimorando com sofisticação (e sem pressa) sua poética e seu storytelling. Girls In Peacetime Want to Dance é mais uma coluna sólida de sua discografia coesa, na qual podemos oscilar do Twee Pop melancólico (Today) e adocicado até o Eurodance chiclete e dançante (The Party Line) sem medo de acidentes.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte