Resenhas

Until the Ribbon Breaks – A Lesson Unlearnt

Fácil de ouvir e bem produzido, estreia da banda não revoluciona, mas entrega Pop decente

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Ano: 2015
Selo: Independente
# Faixas: 11
Estilos: Hip Hop, EDM, Pop
Duração: 39:00
Nota: 3.0
Produção: Until the Ribbon Breaks

É fácil perceber as qualidades da estreia de Until The Ribbon Breaks, A Lesson Learnt: apelo radiofônico, megalomania por estilos que vão do Hip Hop ao Pop e do Rock ao R&B, além de uma produção impecável que classifica-o na categoria de “fácil de ouvir”. Ao longo de sua duração, o minucioso projeto liderado por Pete Lawrie-Winfield revela as origens profissionais de seu idealizador – ele é cineasta. Logo, cenário, enredo e clima parecem sempre bem coordenados e pensados, formando um produto pronto que um selo de música nos moldes antigos (“feito para explodir”) desejaria. No entanto, tal calculismo talvez seja o grande calcanhar de Aquiles da obra.

Não se engane, você provavelmente vai ouvir falar ainda falar muito em 2015 do grupo, que ainda conta com James Gordon e Elliot Wall na linha de trás de toda multiprodução conjunta. Suas onze faixas foram cuidadosamente feitas para atingir seus pés e sua cabeça e te emocionar como um grande filme para as massas. Ele tem batidas como um disco de Hip Hop, samples de voz de Nas a The Black Keys e um tom confessional Downtempo ao piano parecido com London Grammar e com os rappers mais hypados do momento, Run The Jewels. Logo, está tudo aí pra chegar em você de uma maneira ou outra. Musicalmente, entretanto, sentimos que é dificil definir a banda: é um bando de produtores? Como funciona ao vivo? A voz super produzida, inspirada em Bon Iver, é dele mesmo?

No entanto, sem se importar com conceitos, mas com a sua sonoridade, nos vemos presos às batidas de Perspective com Homeboy Sandaman, ou Revolution Indifference com Run The Jewels – na superfície são cativantes, mas um pouco sofistas por dentro, pois querem entregar uma verdade que não necesariamente é plena. Saiba que qualquer emoção que você possa ter na romântica Romeo, na minimalista Orca ou no EDM de Spark está ali propositalmente, não por uma reação natural ao que seus músicos querem dizer. Ou, talvez, seja naturalmente feito desta maneira. Não importa, o disco sempre traz o pensamento agridoce: “poxa, é super gostoso, mas já ouvi isso em algum lugar” ou a sensação de um cálculo muito bem planejado e certeiro.

Como um filme arrasa-quarteirões com todos os elementos atuais relevantes, A Lesson Unlearnt é muito bem resolvido com os seus próprios problemas e se sai muito bem o para a maioria das pessoas – não é um trabalho que chama atenção por revolucionar a música, mas por executá-la de uma forma acessível, contemporânea e descartável ao estilo de um fast food.

A prova de uma arquitetação por parte do trio é o fato do primeiro show da banda ter sido em Los Angeles, abrindo para a Lorde, estranho para um projeto feito de forma independente, mas não tão natural assim. Todavia, seu caminho parecia muito bem traçado quando os músicos entraram no estúdio: fazer um álbum de Pop atual para as massas e criar hype ao seu redor. Podemos dizer que a presença no festival Coachella deste ano mostra que tudo foi muito bem realizado. Entretanto, todas as suas qualidades e sua maciez aos ouvidos só nos fazem lembrar ao final de 40 minutos que a “música sob encomenda” é uma prática comum no mercado há muito tempo e não deixa Until the Ribbon Breaks pior ou melhor, somente artificial.

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BOM PARA QUEM OUVE: Run the Jewels, London Grammar, Lorde
MARCADORES: EDM, Hip Hop, Pop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.