Resenhas

Pond – Man It Feels Like Space Again

Banda australiana reinventa-se novamente, agora sob influências Glam e Space Rock

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Ano: 2015
Selo: Universal Music
# Faixas: 9
Estilos: Rock Psicodélico, Space Rock, Glam Rock
Duração: 45:02
Nota: 4.0

Se existem bandas que se repetem em todos os álbuns, criando obras bem semelhantes ao longo de toda sua carreira, há também aquelas que se renovam completamente entre um disco e outro, se tornado quase camaleônicas em seu próprio território. Não estou falando de mudança pela mudança, mas de trazer uma proposta sólida para cada novo registro. O coletivo australiano Pond, que ultimamente mantém sua formação com cinco músicos, é um dos poucos exemplos dessa tal renovação frenética a cada novo lançamento.

Man It Feels Like Space Again (que tem suas faixas compostas por Joseph Ryan e Jay Watson) é mais uma viagem psicodélica, mas bem diferente do que o grupo já produziu até então e de um contraste enorme quando comparado com o clima trevoso de Hobo Rocket (para o qual Nick Allbrook escreveu grande parte da canções), lançado há pouco mais de um ano. As nove faixas do álbum mostram uma cisão completa com seu último lançamento, buscando serem mais leves, psicotrópicas e, no geral, mais divertidas. Esse é um daqueles discos que é possível imaginar tornando-se uma grande festa quando transportados os palcos.

Neste novo registro, o quinteto trouxe muito do Glam (ousando nos vocais e temáticas) e Space Rock (abusando os elementos sonoros do gênero, como a enxurrada de sintetizadores), estilos que tiveram sua importância nos anos 70, mas que hoje em dia não tem mais tanta representatividade. O glamour e a pompa de um se misturam com experimentalismo e lisergia do outro, se tornando algo palpável e que funciona muito bem, seja como uma obra referencial ou algo novo criado a partir da fusão destes dois gêneros. Até mesmo elementos de David Bowie em sua fase “Ziggy Stardust” (Medicine Hat), Brian Eno (Sitting Up On Our Crane) e Herbie Hancock flertando com o Funk (Outside Is The Right Side) estão presentes entre estas novas referencias.

Apesar de muito pirado, e talvez esse seja o disco mais experimental lançado até agora pela banda, o álbum sabe como dosar sua maluquice, criando com a sequência de músicas um fluxo que embala o ouvinte em momentos de contemplação (Holding Out For You) e em momentos do mais puro frenesi lisérgico (Zond). A execução disto é feita de maneira bem livre e bem amigável aos ouvidos. Ainda há certa aposta na produção ruidosa e pouco áspera, mas, de certa forma, essa é também a marca registrada do coletivo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Tame Impala, MGMT, of Montreal
ARTISTA: Pond

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts