Embora a percepção de um ouvinte seja proveniente da composição autoral do artista em questão, deve-se entender que o papel que um produtor desempenha é tão grande quando o do primeiro. Ao arquitetar todos os elementos sonoros e buscar novas maneiras de representar o imaginário do artista, um bom produtor pode ser a razão da aceitação ou rejeição de um disco por parte da crítica. É nesta qualidade que Butch Walker acerta em cheio, convocando um nome forte para assumir a produção de seu sétimo registro, intitulado Afraid Of Ghosts. Com uma quantidade considerável de discos, Butch se alia ao produtor Ryan Adams para expor um novo olhar sobre sua obra.
Seus discos sempre foram marcados por uma comunicação falha entre produção e composição, tornando os discos um tanto quanto genéricos no que diz respeito principalmente à sonoridade Pop. Entretanto, este sétimo trabalho alinha as duas partes produzindo uma comunicação direta para com o ouvinte e tornando a sinceridade conhecida de Butch um pouco mais fúnebre. Ryan Adams conseguiu direcionar a recorrente proposta do compositor para algo mais intimista, valorizando bastante seu timbre vocal e apostando em timbres mais crus de guitarras e violões. Uma espécie de Folk mais escuro (a especialidade de Ryan Adams).
A soturnidade e o medo de fantasmas acompanham Butch em uma espécie de diário mórbido e este “Dark Folk” consegue prender a atenção do ouvinte por muito mais tempo, ao contrário de trabalhos passados. Os acordes mais básicos ganham proporções inimagináveis quando a atmosfera regida por Ryan é feita. Além disso, temos participações especiais de Johnny Depp e Bob Mould que acrescentam visões diferentes para a morbidez de Butch. Ótimos momentos do disco incluem as faixas Father’s Day, 21+ e Chrissie Hynde.
Butch escolhe bem seu parceiro de produção e acerta em cheio. Produzindo o melhor momento de sua carreira até então, temos um registro sincero que se comunica bem com seu público. Ficamos no aguardo por mais parcerias deste nível.
