Resenhas

A Place To Bury Strangers – Transfixation

Grupo produz obra que peca pelo excessivo uso de fórmulas do passado

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Ano: 2015
Selo: Dead Oceans
# Faixas: 11
Estilos: Post Punk, Noise Rock, Experimental
Duração: 39:54
Nota: 3.0
Produção: A Place To Bury Strangers e Emil Ronzone Nikolaisen
Itunes: https://itunes.apple.com/us/album/transfixiation/id938432201?uo=4

Ao mesmo tempo em que as faixas são a parte principal de um disco, o nome da obra também alcança tamanha importância. Para A Place To Bury Strangers, nomear seus microcosmos musicais é uma tarefa importante, afinal, a partir dela, podemos perceber um pouco mais do que a banda quis nos dizer em suas composições. Com Transfixation não foi diferente, porém o nome ganha um sentido duplo aqui. Segundo o dicionário, “transifxar” significa passar de um lado para o outro, perfurando um corpo ou objeto. Embora tenhamos uma ideia de superação de obstáculos, um outro sentido ganha força à medida que escutamos as faixas do quarto trabalho de um dos nomes mais consagrados e interessante do Noise Rock moderno.

Como em todos os trabalhos da banda, a experiência vivida durante a reprodução do disco é completamente sensorial. A quantidade de elementos caóticos e reverberantes que o conjunto agrupa e rege sempre nos impressiona , tornando qualquer um de seus registros uma obra imperdível para fãs de Noise em geral. Transfixation não é uma exceção da regra, e portanto, rende ótimos momentos para se apreciar. Straight concilia velocidade, peso e rispidez em um mesmo universo, What We Don’t See faz um ótimo exemplo de reverbs e ecos e Lower Zone prova que hipnose é uma arte já conhecida pela banda.

Entretanto, a transfixação aqui perde seu sentido de superação a partir do momento que percebemos que as faixas mantém a mesma proposta de trabalhos passados. Mesmo sendo uma estética que ainda se mantém interessante, A Place To Bury Strangers ainda peca neste sentido de inovação. O peso que o nome da banda carrega traz consigo uma expectativa bem maior para futuros discos e, portanto, reescutar a mesma experiência de formas diferentes pode se tornar um pouco exaustivo. Neste sentido, a transfixação deixa a banda presa a fórmulas concretas e bem sucedidas do passado, tornando o trabalho menos surpreendente do que registros anteriores.

Ainda vale escutar a obra pois as experimentações se tornam bastante relevantes ainda. Entretanto, cabe uma reflexão acerca de novos rumos para evitar que a banda não caia no desgaste de uma fórmula tão bem estruturada.

Mais do mesmo. Porém, um “mesmo” interessante que deve ser preservado.

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BOM PARA QUEM OUVE: Viet Cong

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique