Vejam bem: Indiana é o nome artístico de Lauren Henson, uma inglesa de 27 anos, natural de Nottingham. E por quê? Ela é fissurada nos filmes com a presença de Harrison Ford vivendo o arqueólogo Henry “Indiana” Jones Jr. Não é tão estranho se lembrarmos que Elizabeth Grange, uma das artistas similares a Lauren atende pelo nome de Lana Del Rey em cima dos palcos. De qualquer maneira, esta pequena celeuma por conta do nome artístico tende a perder importância à medida que adentramos no mundo musical da moça, cheio de nuances obscuras, carões para o espelho e danças solitárias no quarto ou numa balada qualquer. Apesar de parecer de acordo com um novo padrão de cantora introspectiva que faz música dançante e Eletrônica para momentos nem tão públicos assim, Indiana tem seus atrativos.
Antes do primeiro álbum, a moça soltou vários singles nos últimos meses, entre eles, Solo Dancing, que chegou ao Top 20 britânico e computou mais de 1 milhão de acessos no YouTube. Com a chegada do produtor John Beck, o projeto foi se desenvolvendo. É possível dizer que Indiana, 27 anos e mãe de dois filhos pequenos, não faz exatamente o perfil básico de uma cantora Pop iniciante em pleno 2015. Seria melhor se ela tentasse abraçar apenas a música e não tentar vestir a capa comportamental de femme fatale que despreza o relacionamento mais estável e prefere maltratar homens e mulheres na balada mais louca da noite, mano. Este é um erro tático que pode comprometer a curtição do álbum, cujo título já entrega essa postura de “menina má”. É o mesmo caso de Lana Del Rey: por mais pervertida que ela possa tentar parecer, não vai além daquela prima que você paquera desde sempre. É linda mas coleciona figurinhas da Hello Kitty enquanto diz que faz e acontece.
A música não é totalmente vitimada pelo mis-en-scéne de Indiana. Há sinceros e bem vindos acenos ao Pop escandinavo, numa remissão que pode ir até os momentos mais acinzentados de Abba, passando pelas baladas mais tristonhas de Cardigans e adentrando o terreno de Lykke Li. Há também nítida influência de Trip Hop noventista, algo que já pode ser percebido nos primeiros segundos de Never Born, a canção que abre o disco. Vocais bonitos, instrumental econômico mas marcante e por aí vai. Solo Dancing, o primeiro single, surge logo em seguida, totalmente imersa no clima noturno-baladeiro-neurótico-sexy, algo que, como já mencionamos, não é totalmente bem resolvido pela cantora.
Há alguns bons momentos em No Romeo, que fique claro. A levada Synthpop dançante de Heart On Fire é bem legal, assim como o R&B branquelo de New Heart também não faz feio. A faixa título também tem um pé nos anos 1980, com efeitos de sintetizador e programação que dão uma tonalidade noturna à canção sem parecer algo forçado. As outras canções pecam pela falta de criatividade/necessidade de demonstrar a faceta atriz de todo o projeto, algo que, convenhamos, pode atrapalhar bastante.
No Romeo pode agradar ao ouvinte menos exigente mas não deve angariar muitos defensores para a causa da moça. Espero que ela e sua equipe de assessores e planejadores repensem a estratégia e se valham do talento musical evidente para que Lauren possa retornar mais tarde. Sem nome artístico estapafúrdio, sem kit de atuação, só música. Torçamos.