Resenhas

The Subways – The Subways

Novo álbum de trio britânico derrapa na superficialidade

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Ano: 2015
Selo: Cooking Vinyl
# Faixas: 12
Estilos: Punk Pop, Indie Pop, Rock Alternativo
Duração: 45:14
Nota: 1.5
Produção: Billy Lunn

Rapaz, o Rock rapidinho de guitarras e inspiração Pop Punk à la Green Day dos primeiros anos da década de 1990 segue vivo. Mais que isso: alguma dinâmica das canções mais banais de Foo Fighters e companhia habitam o mundo do trio britânico The Subways. Não se trata de tormento pessoal, inadequação diante do mundo ou algo no gênero. É, digamos, charme. Se no primeiro álbum, Young For Eternity, o grupo composto por Billy Lunn (vocais e guitarra), Charlotte Cooper (baixo e vocais) e Josh Morgan (bateria) optou pela produção de Ian Broudie, no trabalho seguinte, All Or Nothing, ninguém menos que Butch Nevermind Vig estava no comando do estúdio.

Essa manobra dá um tanto de pistas sobre autenticidade, inspiração e tudo mais, quesitos nos quais The Subways peca algumas vezes neste novo e supostamente redentor trabalho. A presença do próprio Billy Lunn na produção dá pinta de que o trio está fazendo um movimento de volta às origens, deixando o que é acessório para trás e se agarrando ao cerne das canções e da proposta do grupo, ou seja, canções raivosas milimetricamente projetadas oferecer doses diluídas de guitarras e atitude em meio a um ambiente programado de esgotamento emocional dessa gente novinha e que habita a parte mais alta do salão, conhecida como palco. Seria melhor se viessem com propostas que investissem na sonoridade ou mesmo se decidissem abraçar a viagem da vida a bordo de uma banda.

Vejam, nada contra a sonoridade do álbum, que é bem gravada e razoavelmente bem tocada. As guitarras de Lunn fazem um feijão com arroz que não compromete e a dinâmica de vozes com Charlotte faz uma cosquinha no coração e nos deixa com saudades dos melhores momentos de Ash, formação irlandesa de meados dos anos 1990, que fazia a tarefa com toneladas a mais de talento e espontaneidade. De qualquer forma, musiquetas como Good Times, com riff razoável de guitarra e trabalho interessante de bateria são exceção. Também é possível salvar a pátria da canção de abertura, My Heart Is Pumping To A Brand New Beat, com vocais de apoio simpáticos e boa dinâmica na linha de baixo.

É em músicas como a bandeirosa I’m In Love And It’s Burning My Soul que a vaca vai resignada para o brejo. Toda a angústia e pesinho das guitarras parece de plástico, comprada na lojinha gourmet do Rock, que vende de tudo para qualquer um. Pouco provável imaginar alguém torturado por amor não correspondido compor algo com tamanho gosto de bolacha d’água. Também é o caso de lamentável baladinha Because Of You (Negative Love), que teria lugar na trilha sonora de filmecos adolescentes recentes, com a profundidade sentimental digna de uma superfície plana.

Se você tem uma relação superficial com a música de forma geral, bandas como The Subways são o caminho mais fácil para se ouvir um monte de gêneros entre aspas, sobretudo “Rock” e “Punk”, mas, como você nos acompanha aqui com frequência, sabemos que não vai cair nessa pequena e singela armadilha. Tem coisa muito, mas muito melhor para conhecer e se apaixonar. Caia fora.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.