A transformação na aparência de Stéphanie Sokolinski, mais conhecida como Soko, exposta na capa de seu novo lançamento My Dreams Dictate My Reality, nos diz exatamente o que esperar de seu conteúdo. Seus cabelos loiros platinados, brinco em formato de cruz e jaqueta de couro nos levam a pensar imediatamente na atitude rebelde, meio adolescente, daquela Madonna dos anos 80. Do mesmo modo, as semelhanças com Sky Ferreira vão além das meramente físicas. A despretensão quase ingênua de que se revestem suas músicas nos fazem pensar em algum tipo de adolescência tardia como tema predominante. Assim sendo, não é grande surpresa quando nos deparamos com uma faixa-símbolo intitulada Peter Pan Syndrome, que nos diz “I refuse to grow, I refuse to get old”.
Logo, se tivermos em mente que My Dreams… habita assumidamente esse universo derivado dos conflitos amorosos à la Lana Del Rey (aqui, todavia, mais sinceros e menos estereotipados que essa última) podemos ouvir suas variações hetereogêneas com maior conforto.
Há aqui, o Dream Pop de I Come in Peace, o Punk Rock parodiado de Ocean of Tears ou Who Wears the Pants??, o Surf Rock de My Precious, o Neo Psicodélico Synthwave de suas parcerias com Ariel Pink e até mesmo a balada romântica Folk “cópia-proposital” (tanto no arranjo quanto no trejeito vocal) Song for Keaton, em resposta à seu ex-namorado Keaton Henson. Toda essa amálgama impressionante de inúmeros estilos em poucas faixas prova, mais do que qualquer inconstância artística, a facilidade que Soko tem de se adaptar ao que lhe interessa.
A sinceridade dolorida dos devaneios amorosos, assumidamente problemáticos, ora exageradamente românticos, ora ingenuamente despretensioso, (na qual, de acordo com seu título, os sonhos tem um peso maior que o da realidade) é o melhor e o pior da nova fase de Soko.