Resenhas

Kid Wise – L’Innocence

Álbum de estreia da banda francesa revela megalomania perfeccionista e narrativa

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Ano: 2015
Selo: Maximalist Records/The Wire Records
# Faixas: 10
Estilos: Indie, Indie Rock
Duração: 1h02
Nota: 4.5

Demorou pra L’Innocence, primeiro álbum do sexteto francês Kid Wise, sair. A banda faz barulho por aí desde 2013 e, depois de tanto chamar nossa atenção, lançou um apanhado de suas faixas em longa duração. O resultado é a mesma megalomania de clipes como Hope e Ocean: Uma hora de músicas arrebatadoras.

O disco começa em uma sequência das músicas já conhecidas: Ocean, Forest e Hope, cara qual com seu clima (a primeira é mais sombria, a segunda tem um aspecto mais dançante e a terceira, um misto de ambas), em uma variação que acontece sem parar ao longo da obra. Isso coloca o ouvinte em um alerta constante de que várias surpresas estarão por vir – o que acontece de fato.

Miroir termina como uma balada intimista ao piano, enquanto Child surpreende à cada esquina e Ceremony é, por si só, um passeio por diferentes climas. As faixas entrelaçam-se umas nas outras (algumas mais, outras menos), denotando o mesmo aspecto narrativo bem construído de seus videoclipes.

E se algo fica claro aqui é essa preocupação minuciosa da banda, um perfeccionismo em formato grandioso. É como se você encomendasse uma pintura e o sexteto quisesse entregar uma Capela Sistina. A boa notícia é que o resultado é mesmo o equivalente da música popular contemporânea a uma pintura renascentista.

“Pop selvagem e juvenil” é a forma com que o grupo optou por definir seu som, uma nomenclatura muito perspicaz para explicar um projeto que não tem medo de fazer um som que consegue agradar uma multidão (alô, grandes festivais, está aí um show que não podemos perder) sem deixar a desejar para com o público que preza por algo a mais na música.

O lado “selvagem e juvenil” está na carga emocional que estas dez faixas contém. Elas são explosivas e melancólicas, procurando êxtases que duram o tempo certo para gerar vontade de buscar o próximo ponto alto. E isso tudo em um charmoso sotaque francês.

Echos conclui o álbum como seu clímax, após a faixa-título, como se todas as anteriores culminassem naquela apoteose. Fique atento para encontrar algumas versões especiais de L’Innocence com remix de Son Lux para Hope que mostra o quanto ele entendeu o espírito da banda.

Kid Wise pode ter demorado para lançar o álbum, mas ele vem sem deixar nada a desejar e com enorme potencial para deixar qualquer um de queixo caído. Permita-se a aventura.

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ARTISTA: Kid Wise

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.