Resenhas

Kung Fu Johnny – Day by Day

Banda potiguar lança seu segundo disco e traz grande evolução à sua sonoridade

Loading

Ano: 2015
Selo: Cantilena Studios
# Faixas: 8
Estilos: Rock & Roll, Stoner Rock
Duração: 28:00
Nota: 3.0
Produção: Kung Fu Johnny

É impressionante a qualidade musical da cena de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Em seus pouco menos de 1 milhão de habitantes, podemos ver um turbilhão de referências diversas se formando – Far From Alaska, Mahmed e Camarones Orquestra Guitarrística são apenas alguns exemplos da pluralidade da região. Seriam as dunas ou a paisagem fantástica no entorno da cidade as fontes de inspiração? Não sabemos, mas, com tanta gente disposta a criar sua própria arte e o Festival DoSol, que há vários anos vem reverenciando a cena local, não poderíamos estar mais predispostos a conhecer cada vez mais artistas da região.

De lá vem Kung Fu Johnny, mais um exemplo rico de como o ponto de intersecção entre todas as bandas da região é o fazer boa música. Citar influências é complicado porque nunca se pode saber o que realmente influencia alguém a compor sua música, no entanto, podemos citar algumas semelhanças no som roqueiro dos potiguares com bandas como The Black Keys e Queens of The Stone Age – se seus olhos se atentaram para estes nomes, saiba que a vontade deste trio é de fazer um Stoner Rock, dissidência suinguada e chapante do Rock & Roll.

Day By Day é o seu segundo álbum e mostra uma clara evolução em relação ao seu último EP, Too Drunk to Think (2013). Produzido inteiramente pelo grupo, traz faixas com muito suingue e suor, como No Place Like Home e Nobody Likes Me, ambas boas demonstrações do gosto de Ian Medeiros, César Medeiros e Fausto Luiz por melodias pegajosas e de fácil assimilação.

Aliás, Ian chama ainda mais atenção no trio por ser realmente quem propaga o groove: ele é o baterista por trás de levadas dançantes ou pesadas e também a grande voz por trás de Kung Fu Johnny. Seu timbre seco e rouco nos faz colocar a banda ainda mais próxima de Queens of The Stone Age em sua fase que tinha a presença do marcante guitarrista e vocalista Mark Lanegan, principalmente na extremamente sexy Say I Want. O grupo também consegue chamar atenção quando tenta fugir um pouco de seus caminhos usuais para ser efetivamente mais roqueiro em Take It Slow e I Don’t Wanna Believe, ou menos objetivo na Eletrônica All I Need.

A verdade é que ouvir Kung Fu Johnny nos faz franzir a testa e pensar: “esta banda é realmente brasileira?”. Seja pelo vocal quase sem sotaque e facilmente confundível com um gringo ou pela levada cheia de referências ao que Rock & Roll já fez nos EUA, o trio nos mostra que não existem muito limites para o som que vem de Natal. E, mesmo soando às vezes comum em relação à música criada – por não terem necessariamente uma busca pela inovação e sim pela transpiração- , os potiguares acabam nos fazendo atentar para uma cidade cada vez mais musical e, sim, muito roqueira.

Loading

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.