Resenhas

The Staves – If I Was

Ano: 2015
Selo: Atlantic Records/Warner Music
# Faixas: 12
Estilos: Folk, Indie Folk, Folk Alternativo
Duração: 45'
Nota: 4.0
Produção: Justin Vernon

Quando The Staves lançou seu Dead, Born & Grown (2012), o trio chamou a atenção dentro e fora de sua Inglaterra natal pelas belas harmonias vocais e composições ao violão. Era tudo muito bonito, mas faltava alguma coisa, como se houvesse ali um potencial ainda não atingido. Justin Vernon (Bon Iver) sentiu isso e convidou as irmãs para uma temporada de trabalho nos Estados Unidos, que gerou o EP Blood I Bled e seu segundo álbum, If I Was – que vem não como um retrato de experiências acumuladas do outro lado do oceano, mas como um registro fiel de seu amadurecimento como banda.

Isso é percebido em forma e conteúdo. Primeiro, porque há uma grande evolução em um som que foi do Folk mais convencional a uma liberdade maior de criação dentro de influências contemporâneas – tudo sem perder o teor orgânico de sua interpretação. Também porque todas as músicas estão bem tecidas dentro de uma temática de fim de relacionamentos (duvido alguém inventar um tema melhor pra discos) que permite que as meninas cantem com o coração na mão em meio a arranjos igualmente melancólicos.

Blood I Bled, a faixa, faz agora as vezes de abertura e cumpre seu papel de preparar o ouvinte para as variações de sonoridade que acontecerão ao longo do álbum dentro da tristeza do coração partido (além de trazer o verso que batiza o disco). A partir daí, todas as mudanças criam uma obra dinâmica e densa, tanto quanto essa música, capaz de prender sua atenção por várias audições repetidas.

Seja pela veia mais roqueira e caipira que vem à tona em Teeth White e Black & White (acredite: Uma das melhores músicas da temporada), pelo quanto faixas como The Shining, Let Me Down e No Me, No You, No More saem da curva ou pela identidade Folk intocada das meninas em Let Me Down e Make It Holy (com o vocal inconfundível de Vernon ao fundo), If I Was vem como um trabalho que surpreenderá quem acompanha o grupo desde seus primeiros lançamentos e deve expandir consideravelmente seu público – mesmo quem não tiver motivos pra chorar por despedidas de relacionamentos amorosos consegue se emocionar.

Essa variedade mostra-se também necessária para equilibrar alguns exageros (a própria Blood I Bled é o melhor exemplo disso) e, entretanto, pode também incomodar quem chegar até o disco por apenas uma música. Mas, não adianta, a fragilidade da identidade de quem recém-terminou um relacionamento não poderia ser dialogada de outra forma senão essa.

E fica desde já a curiosidade de ver o próximo salto de maturidade que The Staves terá em seus próximos lançamentos, até porque um disco desses renderá muitos shows (torça pro Brasil ser incluído nessa) e muitas experiências para as irmãs – cujo talento nunca pôde ser questionado e, agora, deve ser admirado em sua melhor forma.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.