Dois anos após mostrar ao mundo o simpático Ela, Dom La Nena está de volta com Soyo, álbum co-produzido por ela e Marcelo Camelo, obra que revela sua maturidade como artista e traduz em música o que é ter raízes fincadas em mais de um solo pelo mundo.
“Eu não tenho casa não, vivo na maré”, como ela canta em Vivo na Maré, pode parecer a explicação desse espírito. Uma melhor alternativa para entender a brasileira que já se estabeleceu, além de seu país natal, na Argentina e França. Ela provavelmente tem casa sim, e mais de uma, o que faz com que suas músicas tenham sempre um teor em comum: Saudades.
De lugares também, mas de pessoas, de épocas e de sensações. Daí suas músicas terem cara de algo acima de tempo ou de espaço em estética e tema, o que faz com que qualquer apreciador de música possa curtir seu trabalho.
Suas composições são de uma sensibilidade sempre muito sincera, sem exageros – versos como “Cada dia me hace recordar que tengo miedo de la oscuridad” (Menino) ganham sua interpretação quase tímida, quase sussurrada. Quem fala baixinho fala ao coração, e fica difícil não se deixar levar por sua arte.
Dá pra sentir a mão de Camelo na produção na cama sonora que liga, ou religa, suas composições ao Brasil contemporâneo – um território sonoro que ele mesmo ajudou a construir -, o país da saudade em um de seus momentos musicais mais nostálgicos.
Soyo é humano demais para você não se identificar, bonito demais para não fechar os olhos ouvindo e amigável o suficiente para você sentir que, ao final, encontrou nele mais uma casa para seus ouvidos. Entre e fique à vontade.