Resenhas

Jerry Paper – Carousel

Disco abraça atmosfera de seu autor, um dos músicos mais excêntricos do Pop

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Ano: 2015
Selo: Bayonet Records
# Faixas: 10
Estilos: Dreampop
Duração: 39:00
Nota: 3.0
Produção: Jerry Paper

Ouvir Jerry Paper é como viajar por uma atmosfera psicodélia perdida entre trilhas sonoras de videogame, Mac DeMarco, Lo-Fi e Dreampop. Sua performance poderia muito bem ser comparada a de um cantor de churrascaria clássico: teclado polifônico com timbres de instrumentos reais e que também exerce o papel de bateria eletrônica. Simples assim, o jovem e prolixo produtor vem criando uma identidade ao redor de sua já extensa discografia com mais de sete discos. Seu novo trabalho, Carousel, no entanto, caminha por águas mais serenas e parece convidar o ouvinte a sentar à beira da praia e aproveitar a boa brisa.

Para quem desconhece o misticismo ao redor do nome de Jerry Paper, talvez a melhor alternativa seja entendê-lo num primeiro momento para que a experiência seja mais prazerosa. Já fizemos a pergunta anteriormente: quem é Jerry Paper ?. A resposta pode ser resumida em dois exemplos: o produtor já fez um jogo de computador para acompanhar um de seus discos (Big Pop for Chamelon World) e um documentário de mentira. Ao unir tais elementos, podemos compreender um pouco mais sua música Pop não usual e bastante excêntrica.

Não levá-lo a sério é o grande segredo para que ,diante de sua superfície simples, possamos enxergar valor. Wastoids define o disco inteiro: a partir de seu timbre leve, misturado a uma bateria ainda mais simples, abrimos espaço para sua interpretação romântica e cheia de devaneios. A trilha-sonora para sua psicodelia continua em faixas como Continuum ou Experiments In Living, ambos perfeitos acompanhamentos sonoros para jogo da década de 1990. Sabe aquele som de pause-menu de muitos games da sua infância? Ou cenas de transição entre momentos agitados e outros para comprar itens? É isso que ouvimos nessas músicas.

Sem se tornar tão “música de elevador” tampouco, Jerry faz o estilo crooner de cantar com uma entonação grave à lá Sinatra, que poderia ser lembrado ao vivo se não fosse o robe florido que Paper ostenta em todas as suas apresentações. Ele traz suingue em BPMs lentos, perfeitos para se dançar desengonçado com sua dama favorita em Doesn´t Matter-Take Me ou The Big Fight- essa, uma das mais sexy e interessantes canções do trabalho. Antes de acabar, o single Halfway Zen expõe todo o seu humor em uma faixa que poderia ser o mantra feliz de uma comunidade hippie distópica, enquanto Greedy Motherfuckers é cheia de fumaça e humor ácido. Carousel segue o mesmo esquema de produção caseira de Paper e a atmosfera Lo-Fi para trazer, talvez, o seu disco mais consistente e Pop, mas, ainda assim, extremamente excêntrico. Ao final, não o levamos a sério e somos extremamente felizes por isso.

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ARTISTA: Jerry Paper
MARCADORES: Dreampop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.