Melhor do que poder se arriscar em um novo terreno sonoro é poder fazer isso bem acompanhado. Após trabalharem juntos em projetos como Cabana Café e Champu, Rita Oliva e Zé Lanfranchi decidiram criar músicas em uma atmosfera Eletrônica diferente dos grupos com os quais ficaram conhecidos, daí surgiu P a r a t i.
Superfície é o resultado dessa ambição, uma reunião de oito faixas construídas em um clima um tanto etéreo (comum a diversas produções que tem a Eletrônica como pano de fundo), com guitarra Indie e a voz de Rita (que dão mais chão ao disco) como guias orgânicos para as letras. Essas, por sua vez, trazem dramas internos à tona (uma ideia pra entender, ou interpretar, o nome da obra) e fogem do que alguns poderiam esperar de um trabalho feito por casal – uma expectativa romântica presente apenas em Besteira, faixa de abertura e primeira amostra do disco.
Existe grande coesão entre as composições e os arranjos, mas cada uma das músicas parece trazer alguma pequena surpresa que chama a atenção mesmo quando você não está ouvindo Superfície ativamente – até porque é o tipo de álbum bom de deixar tocando enquanto você faz qualquer outra coisa. Nos momentos de parar para escutá-lo, fica a sensibilidade de faixas moldadas para amparar os versos íntimos e otimistas (“Indie de autoajuda”, como brinca Rita). Ouça Kino e entenda todo esse parágrafo.
É uma obra que cresce à medida em que é ouvida, brincando entre a discrição e o volume. Os músicos conseguiram mais do que dialogar com as novas referências, dando ao projeto uma boa identidade.