Depois de alcançar um buzz com o single Younger em 2013, era chegada a hora da cantora sueca Seinabo Sey se provar com um lançamento de maior peso, o que aconteceu com o EP For Medeleine, de 2014. Como uma homenagem à sua mãe, a obra surgiu mostrando o potente vocal da cantora, sua teatralidade ao cantar e uma produção contemporânea e antenada nas novidades do Soul Pop, R&B e Electro-Pop.
Em seu segundo EP, For Maudo, o homenageado é seu pai. Pouco mais de um ano se passou desde seu último lançamento e o contraste em qualidade entre as obras é enorme. Aqui, Sey consegue atingir um nível completamente diferente, consegue emocionar seu ouvinte através das letras, geralmente falando de amor e suas desventuras, e da interpretação calorosa e, às vezes, dolorosa que dá a elas.
Seinabo começa seu EP com um verso como “I lose my breath for you and I don’t want it back” (Poetic) – questionavelmente algo patético de se dizer quando se tanta superar alguém, mas, ao mesmo tempo, uma frase forte que denota a entrega tão grande de quem já esteve apaixonado. Uma música linda, que traz contornos mais clássicos do Soul, como a melodia guiada ao piano e as batidas mais simples – uma produção mais discreta, que tenta não atrair mais atenção que a própria cantora.
Depois da coragem de começar o EP assim, Seinabo se permite experimentar de maneiras diferentes, criando em Pretend um clima mais Pop, se aproveitando das batidas e baixos mais pulsantes e encaixando um refrão mais pegajoso (“So Far, So Good”). Em Words, a cantora parece mostrar um pouco de sua descendência africana (por parte de seu pai) trazendo uma percussão mais característica e até mesmo brincando um pouco com Jazz em sua forma mais Pop.
Se até aqui não surgiu nenhuma comparação com Adele em sua cabeça, com Burial ela vai aparecer. O clima mais pesado e quase épico da faixa, com seus corais, piano e amarras eletrônicas, favorecem essa comparação. A atmosfera Gospel da música finaliza muito bem a obra e empacota as referências de Seinabo, passando por diversos estilos da música negra, mas mantendo toques de contemporaneidade. Um ótimo segundo EP.
