Resenhas

Colin Stetson e Sarah Neufeld – Never Were The Way She Was

Música frenética do saxofonista ganha tom melancólico em parceria com artista

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Ano: 2015
Selo: Constellation Records
# Faixas: 8
Estilos: Instrumental, Experimental, Drone Music
Duração: 41:32
Nota: 2.5
Produção: Hans Bernard

Um dos maiores méritos artísticos do multiinstrumentista Colin Stretson em sua carreira solo, na qual faz uso, essencialmente, do saxofone, é a subversão do mesmo. O modo grave e arpejado de tocar, que caracteriza seu estilo, está muito distante do timbre cafona tão associado ao instrumento, e, mesmo habitando os tons mais baixos, também não se assemelha à melancolia nostágica e melódica de Morphine. Um estilo frenético caracteriza, em suma, seus álbuns até aqui: loops, overdubs e layers sobrepostos criam uma atmosfera claustofóbica e aproximam sua música instrumental dos estilos Ambiente e até mesmo das vertentes mais alternativas da Drone Music.

Agora, o músico, que já foi colaborador de projetos como Bon Iver, Arcade Fire, Tv On The Radio, Feist e muitos outros, extende sua influência para a parceira Sarah Neufeld (também integrante do grupo canadense Arcade Fire), que colabora em Never Were The Way She Was com seu violino. O clima é o mesmo dos trabalhos anteriores de Stretson até aqui: células repetitivas (agora, todas gravadas organicamente, sem sobrecamadas digitais) criam uma cama sonora desconfortável e instauram o clima pantanoso. A diferença é que, agora, com a a ajuda do violino, temos um tom de melancolia e de frieza muito maior do que a angústia de antes.

Embora Never Were The Way She Was tenha um aspecto inegável de trilha sonora (talvez como algo secundário a outra atividade que não a obra em si), a sobreposição insistente e repetitiva de poucas camadas falha em nos deixar em algum estado próximo ao do meditativo. Com faixas monocórdicas, carece de alguma profundidade e, talvez, de alguma dramaturgia sonora, deixando em falta maiores nuances envolventes. De qualquer modo, para os fãs da música atmosférica pesada de Shlohmo ou Pharmakon, temos um interessante exemplar do gênero.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte