Após romper com sua antiga banda e criar o projeto Turn To Crime, Derek Stanton removeu algumas palavras de seu dicionário – dentre as quais, o vocábulo “paredes”. Mostrando certo apego pelo Pop, mas temperando-o com doses de experimentalismos, o compositor lançou seu disco de estreia Can’t Love no ano passado e agora procura quebrar qualquer tipo de obstáculo que o limite, produzindo Actions, um curto e diferente registro de sua imprevisibilidade.
Apostando em pads e sintetizadores dos anos 80, bem como reverbs e baterias programadas, o álbum aposta em uma sonoridade bastante parecida com o Post-Punk. Entretanto, como nada na discografia de Derek Stanton é 100% coeso e simples, as músicas brincam com variações não estruradas, desorientando o ouvinte e contribuindo para um certo ar de lisergia.
Algumas músicas pecam pelo excesso da repetição, que já discutimos em outras ocasiões sobre um limite muito tênue entre utilizar um padrão repetitivo para hipnotizar e entediar. Derek consegue um pouco dos dois, mas a carência de centros de orientação ou de que a música tomará algum rumo diferente, como nas faixas Actions e Impatience, acaba desgastando a experiência total do álbum. De qualquer forma, ainda temos momentos bastante interessantes, como Withou A Care, com sua psicodelia que remete a um Ariel Pink mais novo, e Feels Right, uma faixa que brinca com um New Wave mais sombrio juntamente com solos aleatórios de guitarra Noise.
Não é um notável registro, mas mostra algumas ideias interessantes e como Derek Stanton se comporta em meio a sua loucura e criatividade. O ouvinte precisa estar um pouco familarizado com o contexto geral de sua obra para apreciá-la totalmente, mas nada impede que você comece a gostar desse disco de primeira, que na verdade parece ser mais um ensaio do que algo consiso e dotado de significancia. Um recorte da mente louca de Derek, mas um recorte bastante específico.