Ator, poeta, músico: Lirinha habita um patamar superior à maioria dos artistas brasileiros de sua geração, em evidência – de forma ou outra – há quase vinte anos nos entremeios de suas linguagens artísticas. E se esse status não fosse suficiente para alguém ouvir seu novo disco, O Labirinto e o Desmantelo vem ainda com a produção de Pupillo (Nação Zumbi) e participação de Céu no pedigree.
É um álbum que transita entre estéticas brasileiras contemporâneas, com guitarras de personalidade e ambientação volumosa para dar amparo às letras – de igual volume e personalidade – e interpretação de Lira. É um trabalho grandioso, que parece não caber em seus 35 minutos, com uma força marcante em timbres e poesia. Ouça Odin e Quem Sabe É pra Sempre e veja como elas contrastam com Desamar e Filtre-Me em musicalidade, porém em harmonia com a poética colossal do músico.
No geral, O Labirinto e o Desmantelo é um trabalho com o mesmo peso lírico que seu título ostenta, e toda audição revela que, mesmo quando falta um certo carisma nas composições, estamos diante de uma obra de alta qualidade muito em par com o seu tempo e com o respeito merecido por seu compositor e intérprete.
