Resenhas

Kathryn Calder – Kathryn Calder

Álbum maduro e sensível lida com sentimento de perda em canções aconchegantes

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Ano: 2015
Selo: Oscar Street
# Faixas: 10
Estilos: Indie Pop, Indie Rock, Rock Alternativo
Duração: 41'
Nota: 3.5
Produção: Kathryn Calder e Colin Stewart

O que mais chama a atenção em Kathryn Calder é um notável grau de pessoalidade nas músicas. É difícil verbalizar, mas as músicas tem uma grande aura de sinceridade em torno delas, o que ganha outra conotação após a informação que a cantora fez este álbum após perder pai e mãe em um curto período de tempo há alguns anos. Suas dez faixas são a voz da solidão cheia de saudades de quem ficou para contar (e viver) a história.

A própria Kathryn Calder assume a co-produção do trabalho, ao lado de seu marido Colin Stewart, o que só ajuda com o tal aspecto de pessoalidade da obra – seu terceiro lançamento em paralelo ao trabalho com a banda The New Pornographers. O trato em suas composições vem com respeito à sua intimidade e dor, sem deixar de experimentar com timbres e formatos.

São músicas que, mesmo tratando de morte, perda e tudo o que isso acarreta, chegam ao ouvinte como amparo ou alívio. Pride by Design e Beach, por exemplo, são aconchegantes como sentir o sol no rosto ao deitar-se em uma tarde fria, enquanto Arm in Arm e Blue Skies servem como ombro amigo quando o ouvinte precisar de trilha sonora para suas lágrimas – não como autocomiseração, mas para colocar os sentimentos para fora e viver melhor a partir dali.

E é essa a impressão que se tem de Kathryn Calder: A morte inspirou o disco tanto quanto a vida sopra criatividade para a cantora. É uma história de aprender a viver sem aquilo que lhe serviu de base por décadas e estar disposto a estar bem mesmo assim. Como ela mesmo declarou, “Sentir a perda é sentir o amor. Estar vulnerável é deixar-se ser amado”.

Tal maturidade reflete-se em cada segundo do disco, em conteúdo e forma. Um belo trabalho.

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.