Resenhas

Cheatahs – Murasaki

Curto trabalho da banda é o ponto de partida ideal para que seu som seja descoberto

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Ano: 2015
Selo: Wichita Recordings
# Faixas: 4
Estilos: Shoegaze, Rock Psicodélico
Duração: 14:00
Nota: 3.5
Produção: Cheatahs

O Shoegaze é com certeza um estilo que ganhou muitos adeptos nos últimos anos. Não só pelo surgimento de novos artistas no Brasil e no mundo, como Single Parents, Luziluzia, Loomer, Title Fight e Tripwires, entre outros, mas também pelo retorno à atividade de alguns nomes pivotais na cena dos anos 1990, como My Bloody Valentine, Slowdive, Swervedriver e Ride. Logo, o gênero está deixando de ser um ponto focal para se tornar algo global, e tudo isso acaba fazendo com que alguns grupos procurem novas formas de abordagens. Cheatahs é um deles.

Instalado em Londres com músicos vindos de diferentes partes do globo, como Alemanha, EUA e Canadá, o quarteto lançou seu primeiro álbum, Cheatahs, no ano passado e já mostrava que estávamos diante de uns nomes mais interessantes do estilo na atualidade. Misturando os usuais elementos de Noise e vocais melódicos, a banda se distingue justamente por usar tais triunfos do Shoegaze em prol de algo mais acessível, inclusivo e, ainda sim, inventivo e experimental. O vocalista Nathan Hewitt parece não se esconde atrás de uma parede de guitarras, trazendo sempre ares psicodélicos e viajantes à sua interpretação, acompanhada por linhas instrumentais belíssimas pelo resto da banda.

Não só isso mereceria destaque, mas também como Cheatahs vem se comportanto em pouco mais de um ano. Eml 2015, já lançou o ensolarado EP Sunne, Lo-fi e mais pesado que seu trabalho anterior, e agora acaba de lançar seu mais novo disco de curta duração, Murasaki. Inspirado no histórico e famoso romancista japonês Murasaki Shikibu, a obra mostra em poucos minutos que Cheatahs está mesmo tentando elevar os seus limites.

A começar pela faixa-título do EP, extremamente psicodélica e regionalista, que nos coloca diante de um sintetizador fantasmagórico que parece nos levar a outro tempo e espaço. A levada bem melódica revela uma nuance surpreendente – cantada em japonês pelos seus membros e baseada no famoso livro do autor O Conto de Genji, a faixa é imersiva o suficiente para chamar a atenção de qualquer um que desconheça o grupo. A continuação se dá em bastante experimentalismo – como Warm Palms, com sua introdução quebrada no tempo, levada lisérgica e elementos atmosféricos.

Segue nessa toada experimental com bastante elementos eletrônicos de baixa fidelidade sonora em 3D Milk para acabar inspirada no Rock Psicodélico em Wash Out, provavelmente uma das faixas mais divertidas de sua curta carreira. Como um EP, Murasaki parece ser o ponto de partida ideal para quem ainda não teve contato com Cheatahs, ao saber transitar pela sua história e vislumbrar novos sons baseados em experimentalismo e outros estilos. Ao final, a conclusão que se chega é que poucas bandas consideradas Shoegaze podem ocupar o papel de inventividade no estilo como esta. Logo, não perca a chance de entrar de cabeça em sua obra.

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BOM PARA QUEM OUVE: Luziluzia, Tripwires, Single Parents
ARTISTA: Cheatahs

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.