Resenhas

Tyondai Braxton – HIVE1

Compositor trilha caminho mais hermético e abstrato em sua nova obra

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Ano: 2015
Selo: Nonesuch
# Faixas: 8
Estilos: Eletrônico Experimental
Duração: 42
Nota: 2.5
Produção: Tyondai Braxton

Se você não conhece Tyondai Braxton, a primeira audição de HIVE1 com certeza vai te causar algum estranhamento. Mesmo se você é adepto da Música Experimental em suas vertentes mais cabeludas, como a Glitch Music, vai notar que o modo de trabalhar do compositor americano é muito particular.

Mas, já que estamos aqui, vamos ao contexto. Tyondai Braxton conseguiu mostrar ao mundo a abragência, a seriedade e o poder de seu trabalho quando liderava a banda de Math Rock Battles. Naquele contexto, o trabalho intricado de melodias vertiginosas misturadas a uma trama cerrada de percussões complexas conquistou um grande púlbico, dado o apelo Pop e a pegada hipnótica de seu virtuosismo ao mesmo tempo erudito e experimental.

Já em sua carreira solo, Braxton viu concentrado em si o papel de criador, compositor e performer. Mesmo ao trabalhar com orquestras, nunca deixou de lado suas pitadas de experimentações contemporâneas, inserindo, sempre que possível, interferências eletrônicas nas execuções de sua obra.

Agora, em HIVE1, o compositor se vê afastado do fator humano em sua música. Se, por um lado, a execução de suas partituras densas e complexas não é mais um problema – afinal, a leitura de suas partituras agora é interpretada por um computador -, por outro, esfria-se a relação ritual e hipnótica que a execução humana consegue produzir, e, consequentemente, o calor de efeito sobre nós. HIVE1 advém de uma performance executada em museus, na qual a sonoridade das apresentações entrava em conjunção com a iluminação e a arquitetura local. Isso diz muito, por um lado, sobre a relação cada vez mais hermética e abstrata que Braxton tem com sua própria música. Priorizam os elementos primordiais de sua construção: as texturas, os timbres, as linhas de progressão melódicas e o som em si. De outro, o envolvimento humano precariza-se a despeito de MIDIS, performances site-specific e sua transposição para fones de ouvido.

A impressão que se tem é que Braxton, em sua jornada na busca de uma linguagem cada vez mais profunda e radical, optou por um caminho solitário. Aos fãs de sua expressão mais árida, vale a audição. Aos demais, revisitar a excelente obra do compositor até então pode ser uma alternativa mais refrescante.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte