Se em A New Testament, álbum anterior de Christopher Owens lançado há menos de um ano, havia uma forte indicação de que o teor de sua obra estaria mudando, vindo de um aspecto mais sujo e conturbado para uma aura mais ensolarada, Chrissybaby Forever chega para atestar que tais sinais estavam certos, afinal, aqui, o músico parece ter atingido a iluminação que precisava, com esta que é, talvez, sua obra mais leve e sensível até agora.
É muito fácil notar a leveza que Chrissybaby Forever carrega. Além das melodias Pop, simples e eficientes, suas letras parecem ter brotado naturalmente, sem grandes revolteios intelectuais ou emocionais. Logo de início, Owens nos dá a dica da despretensão com que compôs, ingrediente que é o pressuposto para compreender a leveza que dita o clima de todo o trabalho. A busca de significado acaba sendo uma tarefa fútil – contanto, é claro, que a canção venha diretamente do coração – em Another Lose Fuck Up, que nos diz “sometimes a song is like a photograph, everybody wants to figure it out, and you and i will see a different picture, i don’t need to tell you what it’s about”. A sua complementar, Music Of My Heart, por sua vez, reitera: “if you’ve got a song , go on and sing it, if it’s a feeling, let it take you away, and if it’s real, don’t have to explain it”.
Com composições vindas de épocas diferentes – algumas datam até de 2009, por exemplo – o álbum não soa anacrônico, nem heterogêneo. Parece que Owens esperou sua cura pessoal e reuniou suas faixas que mais soam como autorrealização, um reencontro, talvez, com seu aspecto mais puro, como nos indica seu título (sen, no entanto, soar infantil). Abraçando sua sombra, com a lembrança de sua época de vício em heroina, por exemplo, a última faixa do álbum (uma das últimas em sua cronologia também) nos dá a maior lição a ser apreendida desse trabalho, tanto por Owen, quanto por nós: To Take Care Of Myself Again.