Se a “saudade” é um sentimento muito bem conhecido de nós brasileiros, significando a lembrança grata de uma pessoa ausente (ou de alguma coisa de que alguém se vê privado), para um “gringo”, o teor de melancolia leve advinda de algumas boas lembraças e recordações talvez seja mais fácil de associar a uma patologia.
E talvez seja justamente a brasilidade do sentimento de saudade que justifique o título Pathology, o primeiro álbum completo do grupo californiano Trails and Ways. O trabalho, imerso em referências tropiciais, desde ritmos inspirados na Bossa Nova até as letras em português, busca na visão romantizada de paraísos geográficos a essência de sua criação.
Pathology é uma evolução do trabalho anterior Trilingual, no qual o aspecto dançante do Dream Pop e a acidez do Surf californiano eram o mote. Agora, com um novo tempero, algumas faixas reaparecem, mais puxadas ao teor refrescante da tristeza deixada pela saudade ou pela beleza cinematográfica de um pôr-do-sol na Espanha. A antiga faixa Tereza, por exemplo, se tornou Terezinha, diminutivo que diz muito sobre o aspecto mais carinhoso e nostálgico em detrimento dos timbres calientes de outrora.
Não que tenhamos uma banda nova. Longe disso. O que temos agora é uma banda que soube esperar o tempo certo de amadurecimento para repensar seu trabalho. Pathology é recheado de uma beleza tranquila, uma alegria nostálgica, uma saudade romântica de gringos.