Resenhas

Algiers – Algiers

Estreia da banda mostra qualidade em sua mistura inusitada entre Post-Punk e Gospel

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Ano: 2015
Selo: Matador
# Faixas: 11
Estilos: Soul, Gospel, Post-Punk e Industrial
Duração: 44"
Nota: 4.0

O trio Algiers foi uma das maiores (e melhores) surpresas de 2015. Não só pela qualidade dos singles (Blood, Black Eunuch e But She Was Not Flying), mas também pelo conteúdo total de seu disco de estreia, homônimo ao grupo, que já vem sob a tutela de um selo como o gigante Matador Records.

O espanto em saber que se trata de novatos aumenta quando ouvimos um som profundamente enraizado na música negra – e estilos como Soul e Gospel são condutores em grande parte das faixas -, se encontrando de forma inquestionável com gêneros como Post-Punk, Industrial e Noise Rock. O resultado é uma como igreja gótica em uma história de Cyberpunk: muita escuridão, densidade, violência e críticas políticas vindas de pessoas à margem da sociedade.

Para criar esse clima lúgubre o trio usa sintetizadores pesados, drum machines, guitarras em tons ásperos e baixos propelentes em uma mistura abrasiva e cheia de reverbs e ecos. A imagem do grande salão da tal igreja volta à cena por conta dessas escolhas de produção, principalmente no quesito ecoante e obscuro da obra, que em algumas horas até mesmo traz um coral, que poderia também se encaixar como os personagens da tal ficção Cyberpunk.

O protagonista aqui seria o vocalista Franklin James Fisher. Ele carrega em sua voz uma teatralidade Gospel que se encaixa perfeitamente com esse mundo marginal que o disco parece construir em faixas mais políticas como Blood e Games. Tons melancólicos e, às vezes, estranhos tomam conta de sua interpretação, principalmente nesta faixas, de maneira bem Punk – visceral, eu diria.

Apesar da pesada adjetivação do álbum, Algiers se apresenta de fácil audição, tanto quanto Savages e Iceage, no sentido que todos esses nomes explorarem uma vertente híbrida do Post-Punk. Ainda assim, categorizar a banda somente como “uma vertente” do gênero é um erro e somente os próximos discos irão dizer no que essa mistura cheia alma pode se transformar.

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ARTISTA: Algiers

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts