Resenhas

Alpine – Yuck

Segundo disco de estúdio revela interessantes direções na sonoridade do sexteto

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Ano: 2015
Selo: Votiv
# Faixas: 10
Estilos: Indie Pop, Synthwave
Duração: 39:23
Nota: 3.5
Produção: Christian O'Brien
Itunes: https://geo.itunes.apple.com/us/album/yuck/id979735400?uo=6

Com uma fama advinda da surpreendente apresentação no festival SXSW, Alpine é um grupo que já deixou estabelecido que seu negócio é o Pop. Poucos discos formam a discografia da banda, porém seu EP de 2010, Zurich, já nos apontava direções e propostas interessante em sua sonoridade, proporcionando misturas com elementos experimentais, mas ainda assim mantendo o ar dançante. Em 2013, uma pequena deslizada com o primeiro disco, A Is For Alpine, pareceu nos mostrar uma face mais comercial e genérica do sexteto autraliano, parecendo contradizer sua estreia interessante. Mas, o lançamento de Yuck parece ter criado uma necessidade da banda revisitar sua obra, porém, desta vez, o Pop não é misturado com elementos experimentais, e sim com outros gêneros e subgêneros, bastante distantes de sua realidade.

O segundo trabalho é certamente mais heterogêneo que o primeiro, e aqui as coisas não caminham em uma direção e fluxo constante. É interessante observar o processo de composição do disco, que não trata cada faixa como extensões de um mesmo ponto criativo do grupo, mas trata cada música como um universo próprio cheio de seus significados. É provável que alguém encare Yuck como um disco sem unidade e diversificado até demais, porém o trabalho e o cuidado individual com cada faixa preenche esta ausência de um conjunto (o que, na minha opinião, não chega a ser um problema). Além disso, as faixas são instigantes e pouco previsíveis (dentro de suas limitações), provocando o ouvinte e retendo sua total atenção até seus términos.

Torna-se muito pertinente analisar o disco por sensações, sendo que uma das mais notáveis é a sedução. A voz de Phoebe Baker caminha por interpretações bastante sexy, mas também somos atraídos por ótimas fusões instrumentais com R&B (Come On), Chillwave (Shot Fox) e Downtempo (Need To Be). Além deste viés, a banda procura se aproximar do Indie Pop de uma forma bem dançante, usando samples de instrumentos acústicos (Foolish) e com estruturas bem pegajosas e contagiantes (Standing Not Sleeping). Pode ser que um ouvinte não se atraia pelo disco, mas certamente o trabalho renderá momentos cativantes que prenderão sua atenção por um bom tempo.

Com um caminho mais livre e chamativo que seu primeiro disco, Alpine caminha por direções que esperamos ver em outra bandas Pop também. Percebendo outros gêneros não como barreiras mas como pontes, a banda caminha para um desenvolvimento maduro e que poderá render ótimos frutos no futuro.

Um calderão de emoções com toques de Pop.

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BOM PARA QUEM OUVE: CHVRCHES, Grouplove, Grimes
ARTISTA: Alpine
MARCADORES: Indie Pop, Synthwave

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique