Sejamos sinceros: tomar uma bota é um ótimo começo para um disco promissor. Todo processo de término de um relacionamento desperta dúvidas, conclusões e sensações que, quando colocadas em uma obra de uma forma adequada, temos tudo para que ela nos aponte direções e propostas bastante interessantes. Justin Vernon não nos deixa esquecer isso com seu lendário For Emma, Forever Ago, uma obra que se apropria quase que totalmente na sensação fria e dura do término. Entretanto, as coisas vão bem diferente para o produtor australiano Ta-Ku. Com seu último EP, Songs To Break Up To, ele tentou mostrar esta dureza em composições envoltas de um aspecto Eletrônico similar à Chillwave. Mas as coisas vão bem diferentes neste novo trabalho e o que deveria ser a alegria de uma retomada de relacionamento, na verdade revela certas imperfeições.
O talento de Ta-ku é inegável. Ele tem um senso crítico e uma sensibilidade ímpar que o destacam dos demais produtores, sendo possível ver isso em vários momentos de Songs To Make Up To, como na sedutora parceria com Atu (Long Time No See) e a confortável Trust Me, que revela simplicidade e harmonia ao mesmo tempo. Contudo, o título do disco nos revela que a situação aqui não é ideal. Ta-Ku propõe músicas para retomar uma relação e percebemos que, por mais que façamos tudo possível para que as coisas voltem ao que eram antes, elas nunca estarão 100% coladas de novo, sempre haverá uma rachadura. É mais ou menos assim que nos sentimos ao escutar o novo EP do produtor: Retomamos o sentimento de outrora, mas ele jamais será replicado.
Isso tem seu lado positvo, exemplificado pelas músicas citadas anteriormente. Porém, o fato de buscarmos a fórmula empregada no registro anterior, nos faz questionar o quão coeso e concreto Songs To Make Up To é. Trata-se de um registro que vive à sombra de seu precursor e, por isso, tem dificuldades em nos entreter da mesma forma que o anterior, ainda que o faça. Com uma produção simples e sem nada muito novo, é uma obra morna que te esquenta de certa forma, mas te faz querer mais. Samples simples e beats previsíveis contribuem para a noção, porém as parcerias de Sunni Colón e Jordan Rakei trazem algo de interessante para o registro.
Songs To Make Up claramente não é igual ao seu antecessor, nos empolgando menos e trazendo poucos elementos que o destaquem dentro da curta discografia do produtor australiano. Seu nome ainda é relevante entre os produtores e ainda é cedo para pensar em um futuro pessimista com falta de criatividade e inovação. Talvez um álbum completo possa trazer novas perspectivas deste vai-e-vem.
