Resenhas

Twin Shadow – Confess

A sinceridade da New Wave é herdada em um grande disco dançante sobre romances contemporâneos

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Ano: 2012
Selo: Terrible Records/4DA
# Faixas: 11
Estilos: Indie Pop, New Wave
Duração: 41:08
Nota: 4.0
Produção: Twin Shadow

Falar em alguma espécie de resgate à New Wave nos dias de hoje já começa a soar datado. Ainda assim, vale a pena ressaltar que o que Twin Shadow fez em seu segundo álbum, Confess, herda uma característica nem sempre bem copiada dessa sonoridade dos anos 80: Uma sinceridade natural nas composições.

Bandas como Duran Duran e New Order soavam quase ingênuas cantando melodias e versos Pop, mas cheios de alma. O que George Lewis Jr. fez neste disco destoa de qualquer forma de inocência, mas carrega a honestidade do gênero ao retratar relacionamentos contemporâneos, na maior parte deles corriqueiros e descompromissados, envoltos por uma vibe dançante irresistível.

A abertura com Golden Light pode não mostrar naturalmente essas qualidades. Pelo contrário, ela soa fria e polida, como se tentasse se estabelecer como cool, mas funciona como uma boa introdução para o que está por vir. You Call Me On, a faixa seguinte, já dá um início maior à festa propriamente dita. Ela soa agressiva e sensível ao mesmo tempo, revelando mais do tom que ouviremos dali para a frente.

É daí que surge Five Seconds, sem dúvidas uma ótima escolha para ser o grande hit do álbum. Essa é uma daquelas músicas que grudam na cabeça com seus tons graves e uma guitarra bacaninha para acompanhar o vocal. Ela vem em dupla com Run My Heart, que começa tranquila e explode em um refrão Pop e dançante delicioso, sendo, talvez, a que melhor define todo Confess, com o músico explicando que ele não está apaixonado, ele é “apenas um garoto e você é apenas uma garota”.

Essas confissões conseguem ser tão íntimas quanto triviais, soando como verdades banais por conta da roupagem tranquila e popular que as composições recebem, sempre remetendo à New Wave, como em Beg for the Night e When the Movie’s Over. As maiores exceções ficam com Patient, que tem uma levada bem diferente no início, e I Don’t Care, uma balada com pitadas de R&B que parece até mesmo algo que Kanye West gostaria de ter produzido.

Ao longo de suas onze faixas (dez oficiais e uma “escondida”), Confess se mostra como um trabalho maduro e sólido do músico, que sabe nos fazer dançar ao saber aproveitar algumas ótimas características da época que referencia e, assim, produzir uma obra muito própria de nossos dias.

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BOM PARA QUEM OUVE: M83, Metric, Metronomy
ARTISTA: Twin Shadow
MARCADORES: Indie Pop, New Wave

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.