Falar em alguma espécie de resgate à New Wave nos dias de hoje já começa a soar datado. Ainda assim, vale a pena ressaltar que o que Twin Shadow fez em seu segundo álbum, Confess, herda uma característica nem sempre bem copiada dessa sonoridade dos anos 80: Uma sinceridade natural nas composições.
Bandas como Duran Duran e New Order soavam quase ingênuas cantando melodias e versos Pop, mas cheios de alma. O que George Lewis Jr. fez neste disco destoa de qualquer forma de inocência, mas carrega a honestidade do gênero ao retratar relacionamentos contemporâneos, na maior parte deles corriqueiros e descompromissados, envoltos por uma vibe dançante irresistível.
A abertura com Golden Light pode não mostrar naturalmente essas qualidades. Pelo contrário, ela soa fria e polida, como se tentasse se estabelecer como cool, mas funciona como uma boa introdução para o que está por vir. You Call Me On, a faixa seguinte, já dá um início maior à festa propriamente dita. Ela soa agressiva e sensível ao mesmo tempo, revelando mais do tom que ouviremos dali para a frente.
É daí que surge Five Seconds, sem dúvidas uma ótima escolha para ser o grande hit do álbum. Essa é uma daquelas músicas que grudam na cabeça com seus tons graves e uma guitarra bacaninha para acompanhar o vocal. Ela vem em dupla com Run My Heart, que começa tranquila e explode em um refrão Pop e dançante delicioso, sendo, talvez, a que melhor define todo Confess, com o músico explicando que ele não está apaixonado, ele é “apenas um garoto e você é apenas uma garota”.
Essas confissões conseguem ser tão íntimas quanto triviais, soando como verdades banais por conta da roupagem tranquila e popular que as composições recebem, sempre remetendo à New Wave, como em Beg for the Night e When the Movie’s Over. As maiores exceções ficam com Patient, que tem uma levada bem diferente no início, e I Don’t Care, uma balada com pitadas de R&B que parece até mesmo algo que Kanye West gostaria de ter produzido.
Ao longo de suas onze faixas (dez oficiais e uma “escondida”), Confess se mostra como um trabalho maduro e sólido do músico, que sabe nos fazer dançar ao saber aproveitar algumas ótimas características da época que referencia e, assim, produzir uma obra muito própria de nossos dias.