Resenhas

Kins – Cyclical EP

Grupo retoma inspirações na música britânica contemporânea e entrega disco eficiente dentro de seu nicho

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Ano: 2015
Selo: East City Records Limited
# Faixas: 4
Estilos: Indie Rock
Duração: 18:00
Nota: 3.5
Produção: Kins

Existe fenômeno quase sintómatico na música britânica como um todo: o espelhamento. Bandas chegam ao topo e são mais notadas, enquanto outras parecem seguir estilos e levadas semelhantes com o intuito de chegar ao estrelato também. Desde a ruptura do Britpop, no começo dos anos 2000, grupos da ilha da rainha começaram a caminhar por sonoridades distintas – muito mais experimentais e de certa forma influênciadas pela instrospeção, melancolia e por composições mais “cabeça” a lá Radiohead. Podemos inumerar algumas como The Maccabees, Wild Beasts, Alt-J e mais recentemente o Adult Jazz como exemplos marcantes. Mesmo dentro do mesmo bolo musical, tais bandas tem a suas particularidades e pontos de tangência.

Talvez a interseccção mais notável entre todas seja a fragilidade vocal que oscila entre diferentes timbres sem nunca soar constante. O Kins, banda que recentemente figurou na nossa coluna Ouça, já soa familar na abertura de seu mais recente EP, Cyclical. Construções quase eletrônicas de seus instrumentos dado a sua estrutura em camadas com bateria seguida por sintetizadores e guitarras para depois explodir na voz, nos levam a conclusão que já podemos gostar do grupo em Young, apesar de seu lugar comum próximo as bandas citadas acima. Nisso voltamos ao espelhamento.

O Kins é um grupo relativament novo e seu primeiro autointitulado trabalho foi lançado em 2013. Nele já viamos similaridades com outros sons e podíamos definí-los dentro da nova escola britânica: frágil, experimental e artístisca. Por isso que Cyclical não pode ser considerado inovador pois nos últimos anos a banda poderia ter se desenvolvido de outras formas, algo que não ocorre explicitamente aqui. Isso afeta o sabor de ouvi-los? Não. J.Tito impressiona pela produção de suas vozes e cria uma atmosfera romântica que certamente poderia virar hit.

Já a faixa título talvez seja o momento mais estéril de todo o disco: bonita, interessante e sem chance de se desenvolver em algo maior do que isso. É bastante referencial, novamente, aos grupos citados acima e lembra principalmente o último trabalho do Wild Beasts, Present Tense. O que nos leva a derradeira Little Dancer de oito minutos, melhor faixa do EP e o respiro do Kins dentro de sua própria expressão. Percebe-se a vontade de fazer o ouvinte sentir cada detalhe da composição, esperar seu crescimento e se encantar com sua levada melancólica e ainda sim dançante.

Não é a toa que sua duração da faixa é quase que Cyclical por inteiro e deixa espaço para experimentalismo, mudanças de humor e descontrução de expectativas. Ao fim a explosão e a certeza que a banda merece ser ouvida, mesmo sem renovar a música britânica. O Kins construiu uma obra gostosa e emotiva com algumas melodias viciantes que certamente tem o seu nicho a ser alcançado – talvez seja apenas o pequeno passo para o estrelato e se exister a busca pela originalidade, o grupo certamente terá capacidade de “chegar lá”.

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BOM PARA QUEM OUVE: Adult Jazz, Alt-J, Wild Beasts
ARTISTA: Kins
MARCADORES: Indie Rock

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.