“Eu queria ser mais feliz pra você” – O álbum de estreia solo do músico Zé Pi tem sua beleza nos detalhes e no todo ao mesmo tempo, do tipo que você ouve e logo gosta, depois repara em mais coisas que te faz sorrir a cada vez que o escuta.
Esse verso da faixa de abertura, Fique à Vontade, revela a poesia singela que o músico paulista demonstra em Rizar por entre sons de uma estética caprichadamente contemporânea e Pop, como denunciam as melodias e os vocais ao fundo, sempre prontos a embalar a atmosfera meio nostálgica, totalmente agradável – repare em Muito Tempo, Acredito e Gosto de Você e como as outras vozes fazem toda a diferença aqui.
Rizar possui um verniz de simpatia notável desde a primeira audição. Tem a ver com a interpretação vocal de Zé em qualquer um dos humores do disco, daí a resposta do ouvinte (acompanhar a música mexendo a cabeça ou os pés e os já mencionados sorrisos) vir da mesma forma em faixas tão diferentes, como Dor e Solidão e Se Você Soubesse.
O carisma da obra é explicado (mas não justificado) também pela presença de muita gente que faz a boa música acontecer em São Paulo hoje. É o caso de Leo Cavalcanti, Tulipa Ruiz, Tim Bernardes (O Terno) e Bárbara Eugênia, de músicos das bandas Trupe Chá de Boldo e Bixiga 70 e da mão firme de Gustavo Ruiz na produção. Tão bem acompanhado, o músico parece ter ficado mais à vontade para soltar a voz e apostar nas boas ideias que ouvimos aqui.
Pode dar o play em Rizar toda vez que quiser sorrir com uma poesia sincera e sensível (um disco cheio de histórias que você já viveu ao menos uma vez na vida, como o encerramento com Bem Melhor do que Está) acompanhada de um som de primeira. Um grande passo para Zé Pi e um passo de médio-porte para a música Pop no Brasil provar que merece um público de respeito.