Resenhas

Lianne La Havas – Blood

Segundo álbum da artista amplia seus horizontes experimentais

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Ano: 2015
Selo: Nonesuch
# Faixas: 10
Estilos: Neo Soul
Duração: 40:37
Nota: 4.0
Produção: Lianne La Havas ,Stephen McGregor, Paul Epworth, Mark Batson, Jamie Lidell, Matt Hales

Quando Lianne La Havas apareceu, ainda em 2012, com seu primeiro álbum completo intitulado Is Your Love Big Enough?, ficamos de orelha em pé. O diferencial, no caso da artista (como colocou muito bem Carlos Eduardo Lima em seu artigo sobre a moça), era que, apropriando-se da música Soul dos anos 70 e de suas variantes, Havas não apostava todas as fichas na vertente mais rápida e dançante do estilo, mas preferia embrenhar-se por terrenos mais “chuvosos e melancólicos”, que flertam com o Folk vindo da mesma época.

Por isso, quando foi anunciado que seu segundo trabalho, Blood, nascia de uma viagem da musicista até a Jamaica em busca de suas raízes sanguíneas, familiares, espirituais e artísticas (e etc, etc.) e contava com parcerias de alto quilate como os produtores e compositores Stephen Mcgregor (grande nome do Reggae e do Dancehall), Paul Epworth (colaborador de Adele), Jamie Lidell, Matt Hales (Aqualung) e Mark Batson (Beyoncé e Alicia Keys), a questão que se formava era: a maturidade de Lianne La Havas estaria apontando para uma guinada em seu estilo musical?

Para o bem e para o mal a resposta é: nem tanto. Seu estilo ainda evoca uma sutileza vocal, um timbre aveludado e melodioso que mantém seu aspecto charmoso mesmo nos picos harmônicos de suas performances. Por exemplo, se Is Your Love… trazia a impressionante No Room For Doubt (um dueto ao lado de Willy Mason), Blood nos traz a pérola sutil e eletrônica Wonderful.

Seu estilo, contudo, caminha para uma complexidade ainda mais difícil de definir. Tem-se falado muito de Neo-Soul ou mesmo Nu-Soul para descrever a sinceridade e a beleza simples das performances de La Havas, um adjetivo derivado de misturas com doses variadas de Soul, Jazz, World Music, R&B, Reggae e Gospel.

Um dos maiores méritos artísticos de Blood é a ousadia. Parece que a assinatura com um grande selo como o Nonesuch (Warner Bros.) e a parceria com nomes do cacife de Prince, Alt-J e Aqualung ao longo de sua trajetória proveram um know how sobre o mainstream para a artista sem minar da mesma a capacidade de experimentar em suas fórmulas sem medo. Sofisticado, Pop, belo e experimental, Blood é um grande marco na carreira da jovem artista, que abandona o posto de “promissora” e assume o status de gente grande.

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BOM PARA QUEM OUVE: Sade, Yuna, Laura Mvula, Erykah Badu
MARCADORES: Neo Soul

Autor:

é músico e escreve sobre arte