Resenhas

Julio Bashmore – Knockin’ Boots

Estreante produtor inglês traz de volta tendências da música negra e noventista ao Eletrônico dançante

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Ano: 2015
Selo: Broadwalk Records
# Faixas: 12
Estilos: House, UK Garage
Duração: 50'
Nota: 3.0
Produção: Julio Bashmore

O estreante Matt Walker, mais conhecido como Julio Bashmore, tem em sua obra algo bem sintomático do que se tornou a música Eletrônica em nossos dias. Devido à criação de vários nichos e a ascensão da EDM como representante máxima do coletivo de sub-estilos da Eletrônica no consciente coletivo, o que já foi forte no mainstream há alguns anos, retorna retumbante de seus tempos áureos como nova potência, agora, no submundo underground. Claro que isso não acontece somente com o produtor ou mesmo com o mundo das produções no gênero, mas é bem perceptível que o antigo está de volta com força total na música feita hoje em dia.

Ao ouvir as faixas de Knockin’ Boots, é impossível não perceber a grande carga de House que há no álbum – principalmente as vertentes que fizeram grande sucesso durante os anos 90. Há também uma forte presença da Disco Music, ainda mais quando se presta mais atenção nos samples e efeitos de algumas canções. Apesar das referências citadas até aqui estarem todas focadas no passado, esse não é exatamente um disco possa ser chamado de revivalista ou mesmo que olhe somente para trás. O UK Base e até mesmo o Hip Hop sul africano (em Umuntu) se misturam aqui, criando algo que definitivamente não poderia ser produzido há 20 anos.

Outro ponto interessante do disco é que, mesmo se baseando em alguns clichês noventistas, não parece haver na música de Bashmore um intuito puramente comercial. Distante do cinismo das atuais produções da EDM, Julio tem espaço para criar em sua obra, ainda que extremamente focada nos moldes Pop, algo que tenha alma, que tenha algum coração. E as letras, interpretadas por nomes como Sam Dew, Bixby, J’Danna e Seven Davis, argumentam a favor disso de forma conseguir trazer alguma profundidade emocional aos beats dançantes do produtor inglês.

Músicas como Holding On, a ótima Rhythm of Auld e For Your Love interagem bem com o restante do disco, que mesmo se tratando de um novo olhar à House Music consegue não se tornar cansativo conforme somam-se os minutos no player. Seja com seu fone de ouvido ou em alguma balada, ouvir Knockin’ Boots pode ser tornar uma experiência divertida e até mesmo de identificação com as letras – não incluindo é claro músicas mais simplistas com What’s Mine Is Mine, Bark ou Simple Love (esta última que até certa medida pode lembrar algumas produções de Julio em parceria de Jessie Ware).

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BOM PARA QUEM OUVE: Disclosure, Jessie Ware, Les Sins
MARCADORES: House, uk garage

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts