Resenhas

The Weeknd – Beauty Behind The Madness

Abel Tesfaye acerta ao aproximar-se do Pop e das pistas de dança

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Ano: 2015
Selo: XO, Republic
# Faixas: 14
Estilos: PBR&B, Pop
Duração: 65:24
Nota: 4.0
Produção: Illangelo, Abel Tesfaye, Jason "DaHeala" Quenneville

O tempo fez muito bem para Abel Tesfaye e seu projeto artístico The Weeknd. Se no início de sua carreira ele ficou conhecido pela urgência de seus lançamentos – três mixtapes disponibilizadas gratuitamente em menos de um ano que compõem Trilogy -, os últimos dois anos parecem ter sido expansivos em influências musicais e novos rumos. Na verdade, talvez não se trate de uma questão propriamente de quantidade de anos, mas de qualidade, pois Kiss Land, seu “primeiro disco”, também teve um período semelhante de confecção. No entanto, Beauty Behind The Madness é diferente em sua discografia e isso nos anima bastante.

A contribuição de Abel para a popularização do gênero PBR&B é notória (um R&B “mais alternativo”, para quem desconhece o termo) e foi a partir de sua ampla divulgação que alguns artistas como How to Dress Well e Active Child ganharam a devida atenção. No entanto, é fácil escutar a sua (já extensa) discografia e encontrar alguns padrões que incomodam quem busca novas aventuras. Ousado como Tom Krell, cabeça de How to Dress Well, foi em ”What is the Heart?”, The Weeknd tenta desmitificar a música para sexo e drogas que havia sido feita anteriormente em sua carreira para se aproximar do universo Pop.

O primeiro single, Can´t Feel My Face, é certeiro. Dançante como nunca, nos faz colocar o melhor sapato para emular um Michael Jackson moderno (como Kanye West fez na última apresentação do VMAs) e é uma ruptura gigante em sua carreira. É inevitável que o poder da voz de Abel deveria abraçar outros estilos para fugir da letargia e ganhar destaque. Logo, nada melhor que focar nas pistas de dança e na cultura de clubes noturnos para fazer isso: a canção é sexy como de costume, mas traz groove e suingue inéditos. Isso se segue de outras maneiras em Losers com seu Hip Hop e refrão pegajoso feito por Labirinth. Ambas não nos deixam outra conclusão que a certeza de sua presença nas paradas de sucesso.

Algumas faixas seguem a estética da discografia de Abel, como Often e a abertura Real Life, e, ao mesmo tempo em que se distanciam do fator alternativo de sua carreira, ambas são Pop e grudentas. Nos fazem pensar que a participação de Abel na trilha do filme Cinquenta Tons de Cinza o fez querer dominar o mundo, assim como ocorreu com a película e sua gigantesca bilheteria. Aliás, a faixa cinematográfica aparece aqui (Earned It) e esse denso momento casa-se perfeitamente com a metade do disco.

Talvez, o mundo seja dominado com Tell Your Friends, música produzida por Kanye West: Hip Hop, expansiva e o melhor momento do disco. Ou talvez possa acontecer com a parceria com Lana Del Rey em Prisioner, ou Dark Times com Ed Sheeran, ambos momentos estrelados com cara de single e clipe.

O único problema do disco é a sua duração, longo como de costume, o que implica em algumas faixas não tão boas e outros momentos descartáveis – como Angel, por exemplo. A ordem do álbum também incomoda e as duas faixas acima ficam escondidas no fim, quase como “easter eggs”, e mereciam mais destaque. Inevitavelmente, o R&B do disco é o mais Pop, acessível e dançante da carreira de The Weeknd. Logo, Beauty Behind The Madness é o trabalho que colocará Abel no em evidência para as massas e justifica – assim o destaque de seu nome em festivais famosos, como aconteceu no Coachella desse ano. O tempo e os novos objetivos fizeram bem a Tesfaye, certamente.

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ARTISTA: The Weeknd
MARCADORES: PBR&B, Pop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.