Resenhas

Miley Cyrus – Miley Cyrus And Her Dead Petz

Cantora junta-se a The Flaming Lips para tentar encontrar sua nova personalidade fora dos padrões do mainstream

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Ano: 2015
Selo: Smiley Miley Inc.
# Faixas: 23
Estilos: Pop, Psych Pop, Dream Pop
Nota: 3.5
Produção: Wayne Coyne
SoundCloud: /tracks/221637013

Miley Cyrus está mais do que consciente de que entrou para o grupo sempre bastante povoado de músicos cuja imagem se confunde e, às vezes, se sobrepõe a sua música. Miley Cyrus And Her Dead Petz é um manifesto de uma garota em busca de sua própria identidade e tentando nos mostrar quem é, o que gosta, o que pensa e onde quer chegar. Uma história já vista diversas vezes na cultura Pop, mas que não por isso deva ser rotulada imediatamente como menos verdadeira.

Miley Cyrus – Cyrus Skies

Dentre as possíveis rotas que jovens estrelas como ela tem tomado, Miley escolheu a mais “colorida”. Seu som, assim como sua estética, contém toda a ironia, o nonsense e até as bandeiras de seu tempo. Embaladas por muita cor, purpurina e gosmas – elementos que funcionam como uma materialização dos encontrados em seu som – temas como drogas e sexo se misturam com o amor por animais e consciência ambiental como se tudo isso se complementasse naturalmente.

Musicalmente, escolheu como patrono um dos grandes responsáveis por esta estética nas últimas décadas, Wayne Coyne. The Flaming Lips, banda que o tem como líder e cujos integrantes assinaram a produção e até a composição de boa parte deste trabalho, está esparramada por todo o disco. Karen Don’t Be Sad poderia muito bem estar ao lado de Do You Realize em qualquer disco da banda, mas está no disco de Miley, fazendo todo sentido com sua interpretação, resultando em uma de suas mais belas faixas.

Miley Cyrus – Karen Don’t Be Sad

Sim, o disco tem músicas muito interessantes. Dooo It! já chega como uma porrada para os fãs antigos da Hannah Montana – mesmo com seu último trabalho já tendo equilibrado um pouco as expectativas – mas não chega a ser nenhuma reinvenção da roda para quem já está mais mergulhado nas tendências musicais dos últimos anos. É uma faixa de certa forma agressiva e que trabalha bem as quebras de expectativa, a fuga dos padrões da música mais comercial e a junção de várias “mini-músicas” dentro de uma só, tudo isso conseguindo manter o “flow” de uma boa canção Pop. Mais pra frente BB Talk e Cyrus Skies, cada uma com suas próprias referências também se destacam entre as 23 faixas do disco.

Só que, como em muitos trabalhos, seus problemas são apenas ângulos diferentes de suas qualidades. Essa ausência aparente de formatos e de uma proposta mais bem definida permite que faixas bem desinteressantes apareçam no disco, como a irritante Fweaky ou várias outras que não mantém a personalidade evidente nas primeiras e parecem lapsos do início da carreira da cantora.

Ao final, Miley acerta mais do que erra e apesar das faixas realmente relevantes serem escassas, as ruins são ainda mais raras. Ela conseguiu reunir uma coleção interessante de faixas, que funcionam tanto como boas músicas quanto como cartão de visitas para esta nova personagem. Fica a torcida para que a vontade de se provar e de tentar chocar sem propósito fique em segundo plano em seus próximos trabalhos.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.