Os três anos que separam sua estreia com Manners e este Gossamer não se mostram como um período muito fértil criativamente ou de amadurecimento para o Passion Pit, como prova o tal novo disco.
Enquanto Michael Angelakos e seus comparsas continuam bons em criar um repertório de canções leves e ensolaradas que animam qualquer festa, nem todas as faixas merecem muita atenção fora da compilação. Por mais sólido que seja, não é difícil Gossamer ser lembrado como um álbum composto por momentos desinteressantes, ainda que coesos.
Essa sensação se dá em diversas das músicas, que são até simpáticas à primeira audição, mas que logo perdem a graça. Elas tem uma animação tão programada, tão construída, que às vezes parece uma brincadeira daquelas muito cheias de regras que você até curte fazer parte, mas que não te deixa à vontade para se divertir tanto.
Não que Take a Walk e, principalmente, I’ll Be Alright não tenham ficado ótimas (e, por isso, tenham a responsabilidade de divulgar o disco), mas esse não é o nível encontrado ao longo da obra. As boas surpresas ficam por conta das batidas inquietas e as variações de Mirrored Sea e o R&B em Constant Conversations. Cry Like a Ghost e Hideaway até ganham nossa atenção, mas nunca o coração.
A doçura dançante de faixas como On My Way, Love is Greed e It’s Not My Fault, I’m Happy deve ser consumida apenas dentro do contexto do álbum, ou perdem sua força e mostram-se apenas enjoativas.
Muitos desses adjetivos poderiam ser usados para descrever Manners (2009), o primeiro disco da banda, mas ele soava mais simpático, ou ainda “mais sincero”. Gossamer não é ruim, mas é uma pena que a Passion Pit não tenha composto músicas mais inspiradas e que fossem boas por si só, ao invés de apenas funcionarem como parte desse todo.