Resenhas

Holograms – Holograms

Um resgate à cena de Manchester dos anos 80 feita pelos suecos

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Ano: 2012
Selo: Captured Tracks
# Faixas: 11
Estilos: Post-Punk, Punk, Garage Punk
Duração: 38:15
Nota: 3.5

De alguma forma, o primeiro álbum e homônimo álbum da Holograms me remete a muito do que conheço da virada da década de 70 para 80 – principalmente da sonoridade bagunçada da época e da pluralidade de artistas e movimentos que coexistiam, nem sempre tão pacificamente. Um deles, muito importante para época, foi o Post-Punk, que levou a crueza do Punk um passo adiante e trouxe a ele mais elementos e um novo fôlego. A banda de Estocolmo parece tirar daí muito de sua sonoridade, principalmente da cena de Manchester e da Factory Records, que ficou famosa por revelar bandas como Joy Division e por ser o epicentro deste movimento.

O estilo já havia ganhando outras releituras antes, com Interpol, Editors e outras bandas que surgiram no começo dos anos 2000, porém nada parecido com o que esse quarteto faz. A banda tem uma sonoridade mais visceral e pueril, que havia sido esquecida na década de 80 e ainda adiciona a ela altas doses do Punk propriamente dito.

As doze faixas de seu disco homônimo parecem, de alguma forma, criar uma grande tensão, assim como a que existia na época em que o grupo pega suas referências. Se você ouve muito Post-Punk, vai perceber ao longo do disco uma série delas que, em algumas horas, pode soar até como uma cópia. Exemplo disso é a linha de baixo de Monolith, faixa de abertura, que remete muito a sonoridade do Joy Division.

Outro elemento que aparece bastante é a sonoridade garageira e despretensiosa sonoramente – riffs rasgados e sem muita frescura e muita distorção marcam essa faceta dos suecos. O sintetizador também dá as caras em algumas faixas, o que quebra o ritmo tenso do disco e só reforça a ideia de conflito e pluralidade da época em que a banda se inspira. Chasing My Mind e ABC City dão uma boa ideia de como a banda usa o instrumento e como implementa a sonoridade dele em sua música.

A veia Punk do quarteto se mostra em Transform e Stress, nas quais a bateria toma um ritmo mais frenético e agressivo. A segunda delas é aberta com uma linha de baixo não menos agressiva, que logo é subjugada pela percussão furiosa, e a guitarra ainda dá um tempero especial a essa que é uma das melhores músicas do disco.

As doze faixas passeiam bastante dentro de um espaço delimitado, o que faz do disco pouco, ou quase nada, cansativo. Mais que um resgate, a banda parece se apossar de muito do que rolava na cena de Manchester – o que não é necessariamente ruim, mas se você conhece bastante do assunto, o disco pode se tornar desinteressante.

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BOM PARA QUEM OUVE: Joy Division, Iceage, Black Lips
ARTISTA: Holograms
MARCADORES: Garage Punk, Post-Punk, Punk

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts