Resenhas

Raury – All We Need

Primeiro álbum do rapper investe em som mais convencional do que lhe era esperado

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Ano: 2015
Selo: Love Reinassance/Columbia
# Faixas: 14
Estilos: Hip Hop, Rap, Eletrônica
Duração: 58'
Nota: 3.0

Existe uma grande ansiedade para o primeiro álbum de qualquer músico ou banda, porém maior ainda é a pressão interna que o artista possui de trabalhar sua estética e/ou mensagem em um formato mais amplo que EP ou single. Com Raury, dá para sentir que não foi nada diferente.

O rapper chamou muita atenção com sua mixtape Indigo Child (2014), principalmente pela maneira de misturar o Rap com o Folk, daí a comoção em torno do lançamento de All We Need, cujas expectativas eram de uma ampliação dessa proposta de alguma forma. Foi então que veio a decepção ao perceberem que ele optou por uma obra mais dentro do Hip Hop com tem sido feito hoje, com variedade sonora (como fazem Kendrick Lamar e Emicida, por exemplo) e clima narrativo (à la Tyler, The Creator).

Não que o que ouvimos em Indigo Child tenha sido jogado fora, mas a ambientação aqui é outra. A faixa-título faz também as vezes de abertura e explicita a temática que será desenvolvida até o fim do disco (a fé como esperança em um mundo maligno) em uma progressão que vai do violão às batidas eletrônicas, sendo que essa última característica fala mais alto no álbum como um todo.

Enquanto há nobreza na atitude de compartilhar a mensagem positiva de sua crença, fica a impressão de “banho de água fria” em todos cuja expectativa era de algo mais inédito do que o que nos é apresentado. Esse clima que ronda o lançamento é muito bem justificado, mas é difícil ficar indiferente a várias das músicas mesmo se você ouvir o disco sem prestar atenção nas letras.

Várias das batidas são orquestradas para promover a mesma exaltação espiritual que as letras trazem – o que acontece às vezes de maneira inesperada (como na sequência CPU e Devil’s Whisper) e outras no mesmo nível de clichê que algumas das letras trazem. O próprio título All We Need é exatamente parte da frase que você, conhecedor de Cultura Pop, já espera.

Faz sentido que muitos tenham se decepcionado com a obra. O que fica de uma audição descontextualizada do disco, contudo, é a guitarra de Her ou a levada de faixas como Mama e Peace Prevail. Letras como Friends são difíceis de engolir, mas daí ouvimos Kingdom Come e Love Is Not a Four Letter Word e aceitamos melhor o álbum. Ao nos darmos conta, porém, que essas são as faixas que mais se parecem com seu lançamento anterior, fica difícil não concordar que ele poderia ter apostado novamente naquelas fichas.

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ARTISTA: Raury
MARCADORES: Hip Hop, Rap

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.