Meneio é nome do quarteto instrumental paulistano dono de um som arrojado de instrumentação bem orquestrada, ruídos eletrônicos e melodias feitas em um grande emaranhado sonoro. Meneio é também o título que recebe o primeiro álbum do grupo, um cartão de visitas e tanto para uma banda ainda jovem, mas que já demonstra grande maturidade.
Dono um Rock Instrumental sereno, o quarteto cria um misto interessante entre Post-Rock, Jazz e Rock Experimental, quase como um “filho” de Tortoise. Mas, ao invés de soar como um link direto, o grupo paulistano leva adiante o que esse dinossauro noventista professou em sua obra, dá uma cara bem própria a esse som criado há quase 20 anos. Ainda que haja referências, a forma que com que são apropriadas resulta em algo muito único, algo bastante autoral.
De fato, há bastante personalidade nas faixas, talvez pela confluência de músicos com backgrounds bem distintos – caso do produtor Jovem Palerosi que assume as guitarras e samples na banda. Uvb, faixa que inaugura o disco, consegue traduzir bem o seu clima. Há nela a apresentação de cada um dos elementos em loop até que um estampido da bateria quebra o status quo e música passa a conduzi-los para caminhos bem diferentes, ainda assim bastante harmoniosos.
Em pouco mais de 30 minutos, o grupo explora um som carregado nos sintetizadores, timbres eletrônicos – que geram os ruídos e texturas das faixas – (como em Acalmaria), guitarra hipnotizantes (Zenstorm) e bateria extremamente técnica (Tao) gerando um misto atmosférico, que estimula o ouvinte a se perder dentro deste labirinto sonoro. São música geralmente curtas, com média de três minutos, que se mostram bem construídas de modo a oferecer ao ouvinte um cenário cheio de referências e detalhes, mas sem sobrecarregá-lo de informações. A dosagem precisa de um som cativante e que de outra forma seria ainda mais desafiador.